Depoimento

Opção por viver com paixão

Dom, 02/10/11 - 01h02

Trabalhei como repórter policial por nove anos, gostava da adrenalina, de acompanhar o trabalho da polícia na resolução dos casos e de me envolver em matérias investigativas. Não tinha um santo dia em que não via um defunto. Subia todo dia vilas e vielas atrás de noticias. Paralelamente, entrei em uma franquia de lojas de chocolates. Trabalhava no jornal pela manhã e, à tarde, no comércio. Confesso que era bem mais tranquilo me preocupar com o estoque da Páscoa do que explicar em detalhes o motivo de um crime.

Um dia, tive uma conversa marcante com minha mãe, uma mulher vencedora, que enfrentou um câncer e superou uma família completamente problemática.

Ela me perguntou se, quando eu ia trabalhar, eu cantava no carro ou começava a semana contando os dias para o sábado e o domingo. Adivinha qual foi minha resposta? Valeu por dez anos de terapia!

Minha vida estava estagnada, apesar de tanta adrenalina. Vivia em uma zona de conforto: sem razão aparente para mudar, mas sem tesão pela vida. Foi quando minha mãe sugeriu que eu fizesse um curso de ioga para me tornar professor.

Confesso que foi difícil conciliar o tempo para dar conta de fazer tudo. Dois anos depois, larguei o jornalismo e as lojas para me dedicar apenas a ser professor de ioga. Hoje, trabalho até mais do que antes, mas a recompensa é valiosa porque estou feliz com o que faço. Feliz de verdade.
Muita gente me pergunta por que eu larguei tudo e comecei do zero. Não tive uma desilusão amorosa, nem uma doença quase fatal ou um encontro com o “divino”. Hoje, quando sou questionado, respondo com outra pergunta: você quer ser bicho-da-seda ou borboleta? Existem dois tipos de lagartas, a que jejua e trabalha; e a outra que só come e dorme. O grupo que come e dorme morre sufocado pelo próprio casulo. O outro grupo busca seus sonhos.

Roberto El Check Júnior,
instrutor de ioga

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