ações para identificação

Paciente suspeito de ebola não tem febre ou outros sintomas da doença

Resultado do teste que pode confirmar ou descartar o vírus deve ser divulgado até este sábado (11); segundo o ministro Arthur Chioro (Saúde), o Brasil vai ampliar a ajuda humanitária a Guiné, Serra Leoa e Libéria

Por DA REDAÇÃO
Publicado em 10 de outubro de 2014 | 19:33
 
 

O paciente Souleymane Bah, 47, primeiro caso suspeito de ebola no Brasil, não apresenta febre ou outros sintomas típicos da doença e tem quadro estável, segundo informação dada, no final da tarde desta sexta-feira (10), pelo Ministério da Saúde.

O resultado do teste que pode confirmar ou descartar o vírus deve ser divulgado até este sábado (11). Segundo o ministro Arthur Chioro (Saúde), o Brasil vai ampliar a ajuda humanitária a Guiné, Serra Leoa e Libéria, com a oferta de mais dez kits para o atendimento às vítimas - suficientes, cada um, para cuidar de 500 pacientes por três meses - e cerca de R$ 13,5 milhões em arroz beneficiado e feijão.

Uma nova ajuda em dinheiro deve ser anunciada na próxima semana, para se somar a US$ 500 mil já doados.

Ao longo do dia, Chioro evitou descartar a infecção do paciente pelo ebola, apesar da ausência de sintomas. A reportagem apurou que a área técnica trata o caso como "pouco provável".

Bah desembarcou no Brasil, vindo da Guiné (um dos países mais afetados pelo vírus) e com escala no Marrocos, no dia 19 de setembro, via Guarulhos, segundo registros oficiais colhidos pelo governo federal. Deu entrada em uma unidade de saúde de Cascavel (PR) na tarde desta quinta-feira (9), dizendo ter tido febre, dor de garganta e tosse.

Apesar de não apresentar quadro febril quando chegou à UPA, foi classificado como o primeiro caso suspeito de ebola no país por seu histórico de viagem nos 21 dias anteriores e pelo relato de febre.

Bah, nacional da Guiné, foi isolado na Unidade de Pronto-atendimento (UPA) e transferido em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio, na madrugada desta sexta (10). No hospital, foi colhido material para o exame que vai confirmar ou descartar a infecção pelo vírus. Um exame de confirmação será feito dois dias após o primeiro.

Se descartada a suspeita com os dois exames laboratoriais, o episódio servirá como um grande "test drive" para averiguar o alerta dos serviços de saúde e cada etapa do protocolo de identificação e tratamento de um potencial caso de ebola.

"No limite, tivemos um grande aprendizado ao colocar em prática nosso protocolo em uma situação concreta", disse, na manhã desta sexta (10), o ministro Chioro, para quem seria irresponsável e inadequado tratar um caso suspeito de outra forma que não seguindo todo o protocolo internacional.

"Temos que ser muito rigorosos na padronização de caso. Não podemos deixar na interpretação subjetiva do profissional de saúde. Foi isso que fez com que, nos Estados Unidos, um caso leve fosse mandado de volta para casa [e depois confirmado para ebola]", explicou Jarbas Barbosa, secretário de vigilância em saúde.

Ainda está pouco clara a rota do paciente, que se diz refugiado político, até chegar a Cascavel. O governo explica que, em termos de saúde pública, porém, é de pouco interesse esse trajeto, já que o ebola só é transmitido após o início dos sintomas –o que, nesse caso, ocorreria a partir de quarta (8).

"Quero destacar que a situação está sob controle, todos os procedimentos do protocolo foram efetivamente aplicados com muito êxito", disse o ministro.

Na tarde desta sexta, Chioro interagiu por meio de "Face to Face", na página do Ministério da Saúde no Facebook, sobre o ebola. O ministro respondeu a algumas perguntas de usuários da rede social, como potenciais novas ações a serem adotadas nos aeroportos e medidas adicionais de prevenção para profissionais de saúde.

Contatos

Técnicos do ministério enviados ao Paraná identificaram, em conjunto com a secretaria local, 64 pessoas que estiveram em contato com Bah desde o início dos sintomas. Dessas, 60 estavam dentro da UPA e quatro compartilhavam a moradia com o paciente.

Três dos contatos da UPA são profissionais de saúde que tiveram acesso direto a Bah e terão suas temperaturas conferidas duas vezes ao dia; os demais terão a temperatura medida uma vez por dia. Até o momento, nenhum apresentou sintomas.

O ministério classifica como "baixo" o risco de todos os contatos. O governo mantém as ações para a identificação do ebola no Brasil. Barbosa argumenta que medidas como o controle de temperatura de viajantes, na chegada ao país, têm pouco efeito prático, já que eventuais passageiros infectados podem chegar assintomáticos. Para o secretário, é mais eficaz fortalecer alertas nos serviços de saúde.