Em Lençóis Paulista

Pai de criança diz aguardar ansiosamente o resultado de exames

Menina teve parada cardiorrespiratória cerca de 12 horas após tomar uma dose da vacina Pfizer, médicos apontam doença congênita

Por Folhapress
Publicado em 22 de janeiro de 2022 | 16:58
 
 
A criança permanece internada na UTI Pediátrica, mas o estado de saúde é considerado estável José Cruz/Agência Brasil

A família da criança de 10 anos que teve uma parada cardíaca em Lençóis Paulista, no interior paulista, na última terça-feira (18) questiona o diagnóstico de doença cardíaca congênita e diz preferir aguardar o resultado de novos exames aos quais ela será submetida. O posicionamento da família se manteve mesmo após o Governo de São Paulo e o Ministério da Saúde terem afirmado que "o evento adverso pós-vacinação foi descartado".

A menina de 10 anos, sofreu uma parada cardiorrespiratória cerca de 12 horas após ter tomado uma dose da vacina Pfizer contra a Covid-19. Ela está internada na UTI Pediátrica do Hospital da Unimed de Bauru, para onde foi transferida na tarde desta sexta-feira (21).

Ela seria submetida a um exame de ressonância magnética, que acabou sendo adiado para a próxima segunda-feira (24) por recomendação do médico anestesista. "Estou aguardando ansiosamente o resultado desse exame para eu poder cuidar da minha filha e ver o caminho que vamos seguir. Só essa ressonância que ela fará na segunda-feira poderá nos dar o diagnóstico final", afirma o pai da criança, o policial militar Claudimar Petenuci.

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo concluiu na última quinta-feira (20) que a vacina contra a Covid-19 não foi a causa da parada cardíaca.
O evento adverso pós-vacinação foi descartado após análise do Centro de Vigilância Epidemiológica da pasta, realizada por mais de dez especialistas. "Não existe relação causal entre a vacinação e o quadro clínico apresentado, portanto, o evento adverso pós-vacinação está descartado", diz a conclusão do relatório.

A análise apontou que o episódio foi desencadeado por uma doença congênita rara, a síndrome de Wolff-Parkinson-White, até então desconhecida pela família.

Nesta sexta (21), o Ministério da Saúde confirmou a análise do governo de São Paulo e afirmou que "o evento adverso pós-vacinação foi descartado".
"A síndrome de Wolff-Parkinson-White, até então não diagnosticada e desconhecida pela família, levou a criança a ter uma crise de taquicardia, que resultou em instabilidade hemodinâmica", disse a Saúde, citando a investigação feita pelo governo local.

Questionado sobre o laudo emitido pelo Centro de Vigilância Epidemiológica, Petenuci informou que esse seria questionável e repetiu que prefere aguardar o resultado de todos os exames.

A criança permanece internada na UTI Pediátrica, mas o estado de saúde é considerado estável. Em nota, a Unimed de Botucatu informou que todos os dados de exames e diagnósticos estão sendo fornecidos às autoridades competentes para investigação.

Os ministros Marcelo Queiroga (Saúde) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) visitaram a criança na quinta (20). O presidente Jair Bolsonaro (PL) telefonou para a família.

No Twitter, mesmo depois de o governo paulista ter concluído que a reação estava ligada à doença congênita rara, Damares disse que teve encontro com a criança "hospitalizada após suspeita de parada cardíaca no mesmo dia em que recebeu a vacina contra Covid". Queiroga curtiu a publicação de Damares. Ambos não informaram que a relação com a vacina já estava descartada.

Segundo Petenuci, a visita dos ministros a Lençóis Paulista foi precedida de uma ligação de Bolsonaro. "O presidente me ligou e perguntou se eu poderia receber o ministro Queiroga. Ele e Damares estiveram com a gente e também fizeram uma visita à minha filha", disse Petenuci. Aos pais da criança, Queiroga teria informado que o Ministério da Saúde acompanhará de perto o caso.

Em Lençóis Paulista, onde a menina foi imunizada, o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 determinou a suspensão da vacinação de crianças entre 5 e 11 anos por sete dias. Até então, 46 crianças haviam sido vacinadas na cidade, durante a campanha que teve início nesta semana.

A vacinação deverá ser retomada na próxima terça (25). Segundo a Prefeitura de Lençóis Paulista, esse prazo é necessário para o aprofundamento sobre o caso e envio de relatórios aos órgãos de controle federais e estaduais.

O médico infectologista Carlos Magno Fortaleza, pesquisador e professor da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu, ressalta que a vacina da Pfizer foi amplamente testada e não apresenta riscos.

"O imunizante da Pfizer contra a Covid-19 foi testado em crianças antes de ser colocado em comercialização e não apresent ou nenhum efeito colateral grave".