Investigação

PF realiza segunda etapa da Operação Acrônimo em Minas Gerais e no DF

Em BH, são cumpridos seis mandados de busca e apreensão, inclusive em imóvel foi usado como comitê de campanha de Fernando Pimentel, em 2014; outro mandado é feito em Uberlândia, no Triângulo

Qui, 25/06/15 - 09h11

A Polícia Federal realiza nesta quinta-feira (25) a segunda fase da Operação Acrônimo. Dez mandados foram expedidos para a capital federal, seis para Belo Horizonte (MG) e outros três para Uberlândia (MG), Rio de Janeiro e São Paulo.

Em Minas, são cumpridos sete mandados de busca e apreensão: seis em Belo Horizonte e um no Triângulo Mineiro.

Em BH, os agentes fazem buscas em um escritório do bairro Serra, região Centro-Sul. O imóvel foi usado como comitê de campanha de Fernando Pimentel (PT) em 2014, ano em que ele foi eleito governador de Minas.

A operação prendeu, há algumas semanas, Benedito Rodrigues, o "Bené", empresário próximo a Pimentel. Bené foi solto logo em seguida. A investigação teve início em 2014, quando a PF apreendeu mais de R$ 100 mil em uma aeronave com o empresário e outras pessoas. O caso ocorreu em plena campanha eleitoral.

A Polícia afirma ter encontrado documentos que trazem indícios de que Bené teria atuado no caixa dois da campanha do governador Pimentel. Uma tabela impressa em duas páginas traz a inscrição "Campanha Pimentel", segundo a PF. As empresas vinculadas a Bené teriam sido remuneradas em R$ 3,2 milhões por meio do comitê financeiro estadual do PT.

Bené é dono de empresas do setor gráfico e já firmou mais de R$ 500 milhões em contratos com órgãos federais entre 2005 e 2015, em especial os ministérios da Saúde, das Cidades e do Combate à Fome. Segundo a PF, há uma "confusão patrimonial" e indícios de lavagem de dinheiro com o uso de "laranjas".

Pimentel

Na semana passada, a PF solicitou ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) abertura de inquérito sobre o governador de Minas por suposto crime de "lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores". A investigação faz parte dos desdobramentos da Operação Acrônimo. O tribunal ainda não se manifestou sobre se aceita ou não a abertura de inquérito.

A reportagem de O TEMPO entrou em contato com a assessoria do governo de Minas, que enviou um posicionamento no início da tarde desta quinta-feira (25). Leia na íntegra:

"A operação de busca e apreensão pretendida contra o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e a realizada na manhã desta quinta-feira, 25 de junho, no seu antigo escritório particular, em Belo Horizonte, é a extensão da arbitrariedade cometida anteriormente, quando os policiais estiveram no apartamento de sua esposa, em Brasília.

Com base somente em ilações e deduções fantasiosas, essa investigação prossegue eivada de irregularidades, tanto que os pedidos para a realização de busca e apreensão nas sedes do governo de Minas Gerais, na residência oficial e na residência particular do governador, e ainda em relação a sua esposa, foram negados pelo ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça, por considerá-los desarrazoados.

É importante ressaltar que o órgão competente negou à Polícia Federal o prosseguimento de atos sem base legal e sem fundamentação em fatos que os justificassem. Embora oportunamente impedida, esse tipo de arbitrariedade merece o repúdio da sociedade civil. O governador e sua esposa reafirmam sua confiança na Justiça e colocam-se, como sempre estiveram, à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento, o que torna desnecessária e abusiva a reiterada tentativa de utilizar esse tipo de medida policial.

Todas as providências necessárias para assegurar o respeito ao direito individual, à legalidade e à autonomia federativa serão tomados para coibir o abuso e a arbitrariedade na condução do inquérito policial. Resistiremos a qualquer tentativa de impor a Minas Gerais constrangimentos indevidos e anti-republicanos."

No DF

A PF fez busca e apreensão na agência de comunicação Pepper, que presta serviços ao PT e já fez campanhas do partido na área de internet. Atuou, inclusive, para a campanha de Dilma Rousseff em 2010. A empresa executa a comunicação do PT nas redes sociais e é responsável pela página não oficial de Dilma no Facebook.

Acrônimo

A operação investiga crimes de lavagem de dinheiro por meio de sobrepreço de contratos com o governo federal. Esquema financiaria campanhas eleitorais desde 2005.

Atualizada às 14h23

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Com agências