Raciocínio

Professor explica teoria que ajuda a pontuar mais no Enem

Planejamento é fundamental para sucesso de alunos no Exame Nacional do Ensino Médio

Sáb, 10/10/15 - 03h00

Por mais que o aluno seja estudioso e dedicado, sempre bate aquela ansiedade antes de uma prova. E, com a chegada do fim do ano, chega também a tensão pré-vestibular. Mas, tão importante quanto o preparo em relação ao conteúdo, é fundamental também que o adolescente entenda o método de avaliação e estabeleça uma estratégia para resolver as questões no tempo estipulado.

A estudante do terceiro ano Fernanda Rocha, 17, já prestou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como treineira por duas vezes e tem o seu próprio método para concluir as 90 questões em 4h30. “Resolvo as questões fáceis primeiro e, neste ano, vou reservar cinco minutos de pausa durante a prova para ter mais concentração nas questões difíceis”, diz a candidata, que pretende ser médica.

No caso do Enem, a estratégia de Fernanda está correta, segundo o professor Alexandre Augusto Oliveira, porque o Exame mede os níveis de proficiência do estudante por meio da Teoria de Resposta ao Item (TRI) adotada desde 2009. “A TRI teve origem na década de 50 e era usada em pesquisas de mercado para avaliar a consistência da resposta do entrevistado. Com algoritmos, ela analisa item por item e verifica se o que o aluno marcou tem consistência no conjunto. Por isso, errar uma questão fácil traz uma penalização maior do que errar um item médio ou difícil. É como se ele demonstrasse uma incoerência no fácil e tivesse chutado o difícil”, explica.

Para Oliveira, isso esclarece também o fato de alunos com a mesma quantidade de acertos ficarem com uma diferença de até 250 pontos na nota. “As questões têm pesos distintos. Na comparação entre dois alunos que tiveram 16 acertos, um fez 365 pontos e o outro, 615”, afirma, com base na análise dos exames.

Planejamento. Em palestra aos pré-vestibulandos do Colégio Loyola em Belo Horizonte, o professor deu dicas de como o candidato deve se organizar. Oliveira ainda foi categórico ao afirmar que “o aluno que souber bem consistentemente os conteúdos que vão até os itens médios tira uma nota muito boa no Enem”. “Melhor do que o aluno que acertou algumas difíceis. O conhecimento tem uma lógica, uma consistência, e nesses 90 itens você acha”, disse.
Sem saber identificar o peso de cada questão na hora da prova, o professor diz que essa avaliação vai acontecer de acordo com o conhecimento de cada estudante. “Dificilmente o fácil para o aluno vai ser o difícil da prova”, resume.

Enquanto os dias de realização do exame não chegam – 24 e 25 de outubro –, o aluno Tharik Maluf Gomes, 17, reavalia seu desempenho nas provas que fez como treineiro. “Sobre o conteúdo, eu achei o Enem uma prova mais fácil do que eu pensava, porém mais pesada em relação à exigência física e à necessidade de concentração. Fazemos simulados no colégio desde o primeiro ano para treinar também a questão do tempo”, disse.

Testes pela internet com a mesma visão

No início do ano, o Ministério da Educação (MEC) abriu consulta pública para debater a construção do formado do Enem online, com o objetivo de que, no futuro, a prova não seja mais realizada em um único fim de semana.

“A Teoria de Resposta ao Item (TRI) pode e já é usada em exames online. Um exemplo é a prova na proficiência para o inglês (Toefl), com o benefício de ser um teste adaptativo ao desempenho e que possibilita ter menos questões”, garante o professor Alexandre Oliveira.

Segundo ele, a aplicação da TRI na redação também seria possível, apesar de mais difícil de ser implementada. “Demandaria a leitura de todas as redações, para se construir uma escala em termos da construção textual. A TRI da redação seria conseguir identificar entre todos os textos aquele que passaria a ser a referência, e todos os outras seriam corrigidos à luz do melhor”, diz Oliveira.

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