Polícia Federal

Casal petista nega ter recebido R$ 1 mi para campanha de 2010 

Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo dizem que jamais fizeram pedido envolvendo Petrobras

Dom, 26/04/15 - 21h36

BRASÍLIA. Em depoimentos à Polícia Federal, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o ex-ministro Paulo Bernardo (Comunicações), que são casados, negaram ter recebido dinheiro da Petrobras para financiar a campanha de Gleisi ao Senado em 2010. Eles falaram à PF nos dias 2 e 14 de abril. Ambos foram citados nas delações premiadas do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef como beneficiários do esquema.

Em delação, o doleiro Youssef disse ter repassado recursos de propina em contratos da Petrobras a Paulo Bernardo, por intermédio de Ernesto Kugler. No depoimento à PF, Bernardo declarou que conheceu Paulo Roberto Costa em 1990, quando ocupava o cargo de secretário da Fazenda no Mato Grosso do Sul. À época, eles trataram do gasoduto Brasil-Bolívia.

Sobre as anotações “PB” e “1,0”, na agenda de Paulo Roberto apreendida pela PF, o ex-ministro disse não ter conhecimento. Paulo Roberto Costa dissera à PF que as anotações aludiam a R$ 1 milhão repassados a Bernardo para a campanha de Gleisi. O ex-ministro reforçou que não pediu nenhum valor, nem ao diretor da Petrobras nem a Youssef. O doleiro relatou que o pedido de R$ 1 milhão teria partido de Paulo Bernardo, com repasse por meio do empresário Kugler.

Gleisi negou qualquer pedido ou intermediação envolvendo Kugler. A senadora disse que não conhece Youssef nem Paulo Roberto. O casal informou que Kugler é amigo da família, simpatizante do PT e próximo do deputado federal Angelo Vanhoni (PT-PR). Teria atuado para mobilizar o empresariado a participar de reuniões para apresentação da candidata e arrecadação à campanha.

Gleisi e Paulo Bernardo garantiram que o empresário não teve participação direta na arrecadação. Bernardo destacou que, em nenhum momento, solicitou a Kugler que entrasse em contato com empresários, ou quem quer que seja, para pedir recursos para a campanha. À PF, Kugler disse que não teve atuação na captação de recursos para a campanha da senadora.

Gleisi confirmou que fez solicitações de doação para diversas empreiteiras. Recebeu recursos de Queiroz Galvão, Odebrecht, UTC, Camargo Corrêa e OAS. Ao falar sobre a Odebrecht, Paulo Bernardo disse que o pedido foi feito ao empresário Marcelo Odebrecht. Na UTC, a solicitação foi feita ao presidente Ricardo Pessoa, preso pela PF, tido como um dos mentores do cartel das empreiteiras nos esquemas da Petrobras.

Sobre as doações feitas pela OAS, Bernardo mencionou que foram solicitados valores “possivelmente” ao presidente da empresa, Leo Pinheiro, já que a senadora “conhece” o empresário. Disse também que não teve participação na arrecadação de fundos para a campanha de Gleisi, porque havia a orientação de que os ministros não se envolvessem nas campanhas. Bernardo foi ministro também de Lula.

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