Sem solução

Acúmulo de presos eleva riscos 

Porém dois exemplos práticos na madrugada na Central de Flagrantes mostram que essa decisão não é simples

Sex, 08/05/15 - 03h00

O colapso no sistema traz insegurança também para os policiais civis que reclamam de não terem condições para assegurar a custódia de tanta gente. Mas eles terão que se acostumar com essa rotina, pois as autoridades envolvidas na discussão sobre o tema são unânimes em afirmar que a solução não virá da noite para o dia.

“A gente fala, mas ninguém acredita. Do jeito que está, não dá mais. Não temos estrutura para mantê-los aqui”, declarou um policial civil, sob anonimato. Ele orientou os colegas a redobrarem a atenção. “Não dá para escoltar preso ao banheiro com um agente só. Tem que ir pelo menos três. Com 15 presos aí depois de tanto tempo, qualquer vacilo pode terminar em tragédia”.

Impasse. Diante do problema, outro policial questionou prisões por crimes de menor potencial, que aumentam o número de presos provisórios. Hoje, há 58.603 detentos no sistema, que tem um total de 26,6 mil vagas. A metade é provisória (aguardando julgamento).

Porém dois exemplos práticos na madrugada na Central de Flagrantes mostram que essa decisão não é simples. Um dos detidos conduzidos por mandado de prisão em aberto por uso de drogas, na verdade, era suspeito de homicídio qualificado. Outro preso, por furto, estava com tornozeleira eletrônica, pois já cumpria pena em regime aberto pelo mesmo crime.

“Não há solução fácil. Como um juiz coloca em liberdade quem é reincidente? Por outro lado não se pode superlotar os presídios e correr risco de rebeliões”, disse o promotor de Justiça Criminal da capital Marcelo Mattar.

A Secretaria de Estado de Defesa Social, o Ministério Público e a Justiça se reuniram ontem para discutir o problema. Nenhuma nova ação foi definida, segundo Mattar.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.