João Paulo II

Adolescente com paralisia cerebral é estuprada dentro de hospital

Crime foi descoberto pela médica responsável pelo atendimento da garota de 14 anos e comunicado à polícia civil em setembro; ainda não há a identificação do autor do crime

Ter, 06/10/15 - 18h36

A Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente (Depca) de Belo Horizonte investiga o estupro de uma adolescente de 14 anos portadora de paralisia cerebral grave, ocorrido nas dependências do Hospital Infantil João Paulo II, que fica no Centro de Belo Horizonte. O autor do crime ainda não foi identificado.

De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil (PC), a delegada Isabela Franca instaurou inquérito para apurar o crime no dia 17 de setembro deste ano. Até o momento já foram ouvidas mais de 20 pessoas. Além disso, o exame de corpo de delito da menina, que comprovará o estupro, deverá ficar pronto ainda nesta semana. 

O crime está sendo tratado como prioridade pela corporação, porém, por se tratar de um caso "muito delicado" detalhes da ocorrência não estão sendo divulgados. Em entrevista à O TEMPO, a mãe da criança, de 37 anos, que preferiu não ser identificada, contou que ficou sabendo do abuso após ser acionada pela médica do hospital. 

"Me explicaram tudo e o hospital mesmo acionou a polícia, registrou a ocorrência e levaram-na ao Odilon Behrens onde confirmaram o abuso. Na hora eu nem acreditei que alguém poderia fazer isso com uma criança acamada. Até o momento todos os funcionários são suspeitos, até mesmo porque minha filha fica lá 24h por dia há 10 meses. Me disseram que na época estariam com um funcionário a menos, mas o hospital não me confirma isso", contou. 

A criança continua internada no hospital, apesar de ter sido transferida ao Centro de Tratamento Intensivo (CTI) após ter complicações respiratórias. "Eu sempre confiei muito no trabalho de lá, mas depois disso não tem como não ficar insegura. Por isso trabalho durante o dia e estou indo toda noite para lá para não deixá-la sozinha", disse a mãe. 

Por fim a mulher disse que a única coisa que espera é que a polícia descubra quem cometeu essa atrocidade. "Se tiver sido por falta de funcionário, por exemplo, que a gestão seja responsabilizada. Um hospital que só tem criança tem que ter segurança. Isso acontecer é uma falta de respeito com os meninos", finalizou. 

Fhemig nega falta de funcionários

Procurada pela reportagem, a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), negou por meio de uma nota a falta de funcionários no setor na época dos abusos, alegando que não houve alteração na escala, com a atuação de dois técnicos.

Ainda segundo o texto divulgado, os abusos foram descobertos por uma médica do local. "Ao identificar o problema ela comunicou o fato à direção do hospital, que encaminhou a criança para avaliação médica especializada e comunicou a mãe", dizia o texto divulgado. 

A própria fundação registrou a ocorrência na Depca e notificou o Conselho Tutelar sobre o crime. "A Fhemig acompanha a investigação e a Diretoria do Hospital tem fornecido todas as informações necessárias", finaliza a nota. 

A reportagem não conseguiu localizar o Conselho Tutelar que ficou responsável por acompanhar a família da adolescente portadora de necessidades especiais. 

Atualizada às 20h08

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