Ainda não há prazo previsto para que o Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, o Aeroporto da Pampulha, volte a operar os voos regulares. Segundo Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os documentos estão sendo analisados pela área técnica da Agência e será encaminhada assim que chegar em uma conclusão, sem data prevista. Enquanto isso, o clima é de guerra política.
De um lado o Deputado Estadual, João Leite (PSDB), que se diz contra a ampliação dos voos no Aeroporto da Pampulha e o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), que é favorável a retomada dos voos. A rivalidade nas urnas no ano passado parece que persiste até os dias de hoje.
Durante audiência pública, criada pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, na manhã de ontem, no auditório da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o deputado João Leite alegou que Alexandre Kalil está agindo pelos próprios interesses.
"Prefeito esta querendo agradar uma minoria, além de seu próprio interesse. Não entendo já que ele gasta R$40 mil em aluguel de um jatinho para um final de semana em Brasília, qual motivo de querer a ampliação do aeroporto?", ironizou. O prefeito não compareceu à audiência.
Ainda segundo João Leite a ampliação já foi pauta em 2004, mas a Infraero foi contra. "Em 2004 houve uma tentativa de volta do aeroporto da Pampulha, Anac deu parecer favorável, mas a Infraero e o governo foram contra. Além disso, Confins tem sítio aeroportuário. Foram investidos na linha verdade R$1 bilhão e 400 mil, não dá para fechar os olhos para isso", explica.
A discussão ficou acalorada entre representante da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e comerciantes na Pampulha que defendem a volta dos voos e administradores do terminal de Confins, deputados mineiros e moradores da região da Pampulha que são contra a retomada.
Para o Diretor-presidente da BH Airport, concessionária do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, Aeroporto de Confins, Paulo Cezar Rangel, esta possibilidade preocupa a concessionária, que já investiu cerca de R$900 milhões na ampliação e modernização de infraestrutura do Aeroporto de Confins.
"Nos preocupa esta divisão de voos comerciais a jato entre Confins e Pampulha. Se isso acontecer, o estado e a cidade vão perder, inclusive em arrecadação de impostos, perde a conectividade em outras cidades e com isso a demanda irá para outros aeroportos", diz. Além disso, Rangel alega que outros investidores poderão ficar receosos com a "falta de palavra do governo".
"Investimos em Confins, porque não havia possibilidade de retomada de voos em Pampulha. Agora o Governo volta atrás com este retrocesso", comenta. Ainda segundo Paulo Cezar, a divisão poderá diminuir em 40% a movimentação de voos em Confins. No ano passado, Confins fechou a marca de 9,6 milhões de passageiros.
Em contrapartida, representando a PBH, o Subsecretário adjunto de Desenvolvimento Econômico de Belo Horizonte, Bruno Miranda, alegou que é possível a convivência entre os dois aeroportos sem prejudicar Confins. "Em outras capitais do Brasil e do mundo, aeroportos funcionam em harmonia com a população local. A prefeitura entende que precisa coloca-lo em funcionamento adequado para atender as demandas".
Miranda ainda afirmou que a retomada é essencial para evitar o desperdício. "Não podemos deixar um equipamento daquele porte como o Aeroporto da Pampulha, sendo subutilizado do jeito que esta gerando prejuízo para a cidade", diz.
O Integrante da Associação Pró-Civitas dos bairros São Luís e São José, Carlos Conrado Pinto Coelho, disse que a volta dos voos regulares prejudica os moradores no entorno além de piorar o fluxo do trânsito no bairro.
"Se for efetivada teremos aumento na poluição sonora, ambiental e no trânsito que já é complicado. O aeroporto inunda com qualquer chuva, tem apenas 50 assentos de espera, será que realmente ele está preparado para aumentar o público?", diz. Além disso, Coelho afirmou que os moradores já acionaram o Ministério Público contra essa ampliação.
A Diretora Associação Comercial e Empresarial de Minas (AC Minas), Mônica Cordeiro, se mostrou favorável a ampliação e segundo ela, os dois aeroportos podem somar para o desenvolvimento no estado. "Minas merece 30 milhões de passageiros e os dois aeroportos podem somar de forma equilibrada para conseguir isso. Pampulha é mais perto, com certeza, é patrimônio, seu desenvolvimento tem que ser atrelado a cidade. Sou a favor das iniciativas que atendam a proposta do desenvolvimento. Temos que somar os esforços com racionalidade".
Para o Deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB), que está à frente da audiência, se diz preocupado com a possível reativação do aeroporto da Pampulha. " Quando se fala em voos de grande porte, realmente não faz sentido investir nos dois aeroportos de Belo Horizonte. Isso colocaria em risco todos os recursos que já foram e ainda serão destinados para o aeroporto de Confins", destaca.
Além disso, Arantes avalia que a Pampulha não atende mais às normas de segurança para esse tipo de demanda, pois a região no entorno do aeroporto está povoada.
Segundo informações da Infraero enviadas por meio de nota, para aprimorar a capacidade de atendimento de aeronaves no Aeroporto da Pampulha, a empresa fez a instalação de sinalização vertical, implantou área de segurança de fim de pista e sinalização horizontal e luminosa da pista, além de adequar a sinalização e área de movimentação de aviação geral (aeronaves executivas), ampliação e reforma de sanitários, instalação de novos balcões de check-in. Ainda segundo a empresa, o aeroporto já dispõe de toda estrutura de navegação aérea requisitada pela Anac. No ano passado, foram investidos R$ 1,7 milhão.
Após reunião, um relatório do que foi discutido será enviado para a prefeitura de Belo Horizonte. "Agora é fazer pressão para que o prefeito desista da retomada dos voos regulares no aeroporto da Pampulha", comentou o Deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB).
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