Crime

Antissemitismo em MG: ‘Estamos vigilantes’, diz líder da Federação Israelita

Prisão de homem que portou suástica em Unaí não foi recomendada pelo Ministério Público

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 22 de maio de 2022 | 16:35
 
 
Presidente da Federação Israelita de Minas Gerais (Fisemg), Beny Cohen, durante Festa de Israel em BH, em 2022 Foto: Videopress Produtora

Presidente da Federação Israelita do Estado de Minas (Fisemg), Beny Cohen, acompanha com atenção o caso do homem que foi flagrado vestindo uma braçadeira com a suástica, símbolo nazista mais conhecido, em Unaí, no Noroeste de Minas. Na última semana, O TEMPO apurou que o Ministério Público não indicou a prisão ao homem e solicitou que o réu, o fazendeiro José Eugênio Adjunto, tenha a sanidade mental avaliada. Ele afirmou que tem depressão e que, para ele, a suástica seria um “símbolo budista”. 

“Já manifestamos nossa confiança na Justiça. Que o juiz consiga julgar o caso de maneira imparcial, porque aquela suástica foi muito flagrante. Não tem como usá-la sem saber o que está usando, não é um símbolo qualquer. Nos sentimos bem acolhidos em Belo Horizonte, mas estamos sempre vigilantes e alertas”, avaliou Cohen, em entrevista durante a 29ª Festa de Israel, no bairro Mangabeiras, neste domingo (22).  

O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, também compareceu à festa e ressaltou que a educação e o reforço de leis são os caminhos mais necessários para coibir a intolerância. “O antissemitismo é um foco de preocupação para nós, para a comunidade judaica e também para o governo e para o povo brasileiros. Acredito que ele deve ser tratado por dois canais. O primeiro é a educação, conhecer, saber o que foi o Holocausto do povo judeu. E outro é o reforço de leis e regras contra o antissemitismo. Sabemos que, no passado, palavras [antissemitas] viraram ações, e não queremos isso mais”, declarou. 

Seis milhões de judeus foram mortos no Holocausto, que também perseguiu e matou outras minorias, como pessoas LGBT e com deficiência. No Brasil, é crime “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”, segundo a Lei do Racismo, e a pena vai de multa a detenção de dois a cinco anos. Para especialistas, porém, a impunidade impulsiona casos de apologia ao nazismo