Requintes de crueldade

Após suspeita de furto, homem é agredido até a morte e escondido debaixo de sofá

Segundo a polícia, adolescente de 17 anos foi apreendido, confessou crime e afirmou que cova já estava preparada

Por Carolina Caetano
Publicado em 27 de agosto de 2020 | 07:10
 
 
Corpo foi colocado embaixo de sofá Foto: Cristiane Mattos/O TEMPO

Um barracão com fezes no chão, vidros da janela quebrados e um pequeno banheiro: esse foi o local escolhido por dois irmãos para realizar uma espécie de "tribunal do crime" em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, nessa quarta-feira (26). Jadir Gonçalves Ribeiro, de 57 anos, foi espancado até a morte por, supostamente, furtar uma capa de chuva e tentar furtar uma calça da família dos suspeitos. Com requintes de crueldade, a dupla ainda escondeu o corpo debaixo de um sofá para, posteriormente, jogar em uma cova. 

O crime bárbaro aconteceu em uma área de invasão, sem asfaltamento,  conhecida como "Morro da Pipoca", às margens da MG-030, próximo ao bairro Nossa Senhora de Fátima.

Denúncias anônimas levaram policias militares até o local. "Na data de ontem, a Polícia Militar foi acionada a atender uma ocorrência de encontro de cadáver no local conhecido como Morro da Pipoca. No local, de difícil acesso, nos deparamos com o Jadir, que teria sido espancado e apresentava um ferimento contuso na cabeça, além de escoriações e hematomas pelo corpo", explicou o tenente Jeferson Campos, da 1 Companhia Independente. 

Conforme o registro policial, a vítima estava com olhos abertos e sem a calça. Durante levantamentos, a polícia conseguiu identificar os dois suspeitos do crime: um adolescente de 17 anos e o irmão dele. Apenas o menor foi localizado e apreendido. 

Vingança

Em conversa com os policiais, o adolescente contou que não sabia o nome de Jadir, e que o conhecia de "vista". A madrasta, dona da calça, e o irmão, que seria dono da capa de chuva, alegaram que não sabiam do plano de vingança dos suspeitos. 

Na casa da dupla, a polícia se deparou com móveis revirados, dando a entender que os agressores saíram fugidos do imóvel. 

"Esses furtos não foram registrados pela Polícia Militar, até porque eles já arquitetavam a prática desse crime", detalhou o policial. 

Escondido na casa da namorada

Policiais deslocaram até o bairro Padre João Marcelino, na casa da namorada do adolescente. No primeiro momento, a jovem de 15 anos disse que não sabia o paradeiro do namorado. Posteriormente, ela afirmou que sabia do homicídio e tinha escondido o suspeito na residência sem o consentimento da mãe. Ela também foi detida. 

Vítima vivia em situação de rua

Jadir, conforme a polícia, vivia em situação de rua e costumava ficar em uma casa abandonada da avenida Rio Branco, no centro da cidade. 

Ele já tinha registros policiais anteriores por ameaça, tráfico de drogas e dois furtos consumados. 

Com medo de represálias, moradores do Morro da Pipoca não quiseram comentar o caso. 

Internação provisória

De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, o delegado que recebeu a ocorrência vai representar pela medida socioeducativa de internação provisória do adolescente de 17 anos. Ele será apresentado à Promotoria da Infância e Juventude de Nova Lima que vai decidir pela internação ou liberação provisória. O irmão dele segue foragido, e as investigações continuam. Eles podem responder por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. 

Já a namorada do menor, que o escondeu na casa dela, após oitivas, o delegado vai decidir se representará pela medida socioeducativa de internação provisória ou pela liberação da garota para que ela responda ao processo em liberdade.