Montagem

Arquiteto usa balões de 'Up' para criticar verticalização em BH

Assim como no filme, a simpática casa amarela deu lugar à especulação imobiliária

Por JULIANA BAETA
Publicado em 07 de abril de 2016 | 17:53
 
 
Foto da casa com balões foi compartilhada em 2014 e repostada no último dia 5 após a notícia de que foi demolida FERNANDO GOES/ divulgação

A casa construída na década de 60 na rua Timbiras, no bairro Lourdes, região Centro-Sul da capital, não teve o mesmo destino da residência semelhante do filme "UP - Altas Aventuras". Na ficção, o simpático personagem consegue salvar a casa onde morava com a sua esposa durante toda a vida colocando milhares de balões e flutuando com ele rumo à América do Sul.

Na vida real, o arquiteto Fernando Goes, de 23 anos, também tentou salvar a casa da rua Timbiras colocando, em uma montagem de computador, vários balões como no filme, mas a casa foi demolida recentemente e hoje, o lote está à venda por R$ 3 milhões para dar lugar a mais um prédio comercial na região.

No filme, o imóvel estava ameaçado por um empresário que desejava construir no lugar um edifício. Na rua Timbiras, a casa também deu lugar à especulação imobiliária. A foto postada pelo arquiteto no Facebook em 2014, quando percebeu a semelhança entre a realidade e a ficção, foi repostada novamente no último dia 5, com o anúncio de que ela havia sido demolida. A imagem rapidamente viralizou na internet e chegou a levantar dúvidas sobre sua veracidade.

"Reparei que a casa da rua Timbiras era semelhante à do filme UP em 2014 quando passava por ali. Aí tive a ideia de fazer a montagem e publiquei na época. Mas há alguns dias, passei novamente por lá e vi que a casa tinha sido demolida. Republiquei esses dias e a imagem se espalhou, muitas pessoas também ficaram decepcionadas com o anúncio da demolição", conta Goes.

FOTO: reprodução/ facebook
Internauta postou imagem depois da demolição da casa

Mesmo quando ainda estava de pé, a casa já era "espremida" por grandes edifícios ao seu redor, bloqueando o belo horizonte que dá nome à cidade. "A intenção era realmente fazer com que as pessoas refletissem sobre esse processo de verticalização, de especulação imobiliária, porque às vezes a cidade acaba perdendo sua história. Eu cheguei a denunciar esse caso desta casa na secretaria de cultura, mas a casa não era tombada e, por isso, não consegui evitar a demolição", diz o arquiteto.

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A casa que tinha três quatros e 400 m² de área construída, contava também com boa área verde, um alívio em meio à tantos edifícios. No anúncio de venda é sugerido para o uso da área a construção de um escritório, agência bancária, farmácia ou estacionamento. O metro quadrado foi avaliado em  R$ 7.500,00 e o valor para a venda é de R$ 3 milhões.