Mata do Isidoro

Às vésperas do despejo, moradores das ocupações tiveram tarde lúdica

Tarde lúdica foi promovida por representantes da sociedade civil que pretendiam demostrar solidariedade aos moradores

Dom, 10/08/14 - 19h46

Neste domingo (10) de Dia dos Pais, um dia antes da data marcada para o início da ação de despejo das três ocupações localizadas na região da Mata do Isidoro, na Granja Werneck, na região Norte de Belo Horizonte, os moradores tiveram a oportunidade de esquecer um pouco da situação de tensão em que vivem com a realização de um evento lúdico promovido por movimentos que apoiam a causa. 

O evento foi feito por representantes da sociedade civil que pretendiam mostrar a solidariedade e levar um pouco de alegria às pessoas que vivem na iminência do despejo. Os moradores foram presenteados com shows de algumas bandas, oficinas para as crianças e algodão doce.

A família do pedreiro Rubens Martins de Oliveira, 38, aproveitou a ação para fazer um programa diferente no dia dos pais. “Traz um pouco de felicidade, trouxe minha menina de três anos e meu sobrinho de quatro”, conta o homem que já mora na comunidade há um ano e três meses. A mulher dele, Joana Darc, 25, disse que o evento trouxe leveza. “É bom para distrair a mente nesse momento em que estamos tão preocupados (com o despejo). Não temos para onde ir”, conta.

Rafel Bittencourt, membro do movimento Brigadas Populares, revelou que o objetivo é mostrar que “as famílias não estão sozinhas e a sociedade civil está preocupada”.

Tensão

No início da tarde deste domingo houve um momento de tensão na ocupação Rosa Leão depois que cerca de 19 policiais militares chegaram ao local para fazerem a retirada das barricadas feitas pelos ocupantes no cruzamento entre as ruas Leila Diniz e Raul Pompéia. A barreira foi feita para tentar impedir a entrada da Polícia Militar (PM) durante a operação de reintegração de posse do terreno, que deve acontecer nos próximos dias.

Os policiais militares ficaram a aproximadamente 150 metros da ocupação e, segundo alguns moradores, um deles chegou a dar um tiro para o alto, com o objetivo de intimidar as famílias que moram no local. Segundo a operadora de caixa Marcela de Deus Oliveira de Santos, 27, os policiais também chegaram a apontar a arma para alguns integrantes da ocupação, que reagiram, logo em seguida, jogando pedras contra os militares e as viaturas.

Fogos de artifício foram disparados no local com a intenção de alertar a comunidade sobre a ação da PM. "Fizemos hoje a barricada, mas todos os dias convivemos com ameaças de que eles (policiais) vão entrar a qualquer momento", relata a jovem.    

Segundo nota divulgada pela PM, a corporação foi acionada por moradores que tentavam passar pela via e era impedidos pela barricada feita com pneus e entulhos. "Não há presença ostensiva da PM no local, mas a corporação mantém plantão a distância para atender qualquer necessidade a qualquer momento", finalizou. 

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