Mangabeiras

Assalto em mirante evidencia necessidade de autoproteção 

Crime foi de madrugada, em rua escura e sem saída; moradores dizem que assaltos são comuns

Qua, 06/04/16 - 03h00
Moradores dizem que bandidos esperam vítimas escondidos em matagal | Foto: FERNANDA CARVALHO / O TEMPO

Um assalto aos ocupantes de dois veículos estacionados no mirante Caixa D’Água, no bairro Mangabeiras, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, terminou com um suspeito morto e dois foragidos. A ação, em uma rua sem saída, sem iluminação e com histórico de ação frequente de criminosos, expõe a necessidade de adoção de medidas de autoproteção por parte dos cidadãos diante da alta na criminalidade em todo o país nos últimos tempos.

“É necessário cobrar das autoridades um policiamento maior. Só que, ao mesmo tempo, não dá para arriscar mais. E, pessoalmente, eu acho inadequado nos dias de hoje uma pessoa namorar dentro do carro na rua, especialmente em lugares como esse. Infelizmente”, pontuou o ex-policial militar e especialista em segurança pública Jorge Tassi.

Conforme último balanço da Secretaria de Estado de Defesa Social, o número de roubos na capital subiu 40,6% nos dois primeiros meses deste ano na comparação com o mesmo período de 2015. No caso do crime no início da madrugada desta terça, os casais foram abordados em uma das situações mais propícias para os criminosos, enquanto estavam vulneráveis e em uma rua sem saída, sem ter para onde correr.

“O criminoso quer roubar um carro. Sabe que lá vai ter um sem alarme ligado. Sabe ainda que lá vai ter dinheiro na carteira, celulares e, sobretudo, pessoas dispersas, concentradas em outras situações. Um prato cheio para o assaltante, que sabe que a polícia não está em todos os lugares da cidade”, reforçou Tassi.

O caso. Três criminosos participaram do assalto no Mangabeiras. Dois deles teriam se dividido para atacar os dois carros, e o terceiro daria cobertura. “Quando eles revistavam as vítimas, um deles percebeu que o soldado estava armado. Perguntou se ele era policial. E, no momento da reposta positiva, o terceiro suspeito atirou contra ele, e o militar revidou”, contou o chefe da patrulha rural de Santa Luzia, na região metropolitana, capitão Eduardo Alves, onde atua o militar que atirou.

O suspeito, que não havia sido identificado até o fechamento desta edição, foi ferido com um tiro no peito. Ele foi levado até o Hospital Odilon Behrens, mas morreu ao dar entrada na unidade. Os outros dois suspeitos fugiram pelo matagal e, até a noite desta terça, não haviam sido encontrados.

Medo. Quem mora próximo ao mirante diz que os assaltos são rotina e que, por isso, não se arriscam mais a ficar no local durante a noite. “Muitos desses assaltantes ficam escondidos no mato e se aproveitam que as pessoas estão desprevenidas. E como lá é uma rua sem saída, não tem para onde fugir”, contou um morador do bairro, que pediu para não ser identificado.

A Polícia Militar informou, por meio de nota, que “o local não possui índices criminais”, mas, por ser um local mais ermo, “as viaturas fazem patrulhamento e abordagens constantes”.

Precária

Luz
. Moradores reclamam, também, da iluminação precária no mirante. A Sudecap informou que irá enviar uma equipe até ao local para averiguar a situação e fazer os ajustes necessários no local.

 
 

PM quer vetar estacionamento e limitar visita a observatório

Para tentar evitar assaltos no mirante Caixa D’Água, a Polícia Militar vai propor à prefeitura a instalação de placas, proibindo parar e estacionar veículos, e cavaletes ou cancelas que limitem o horário de visitação ao local.

A proposta foi discutida nesta terça, após mais um roubo na região, durante reunião entre PM e moradores do bairro Mangabeiras. Por meio de nota, a corporação informou que as medidas são ações preventivas, com o intuito de reduzir a presença de pessoas no mirante em períodos noturnos. Procurada no fim da tarde desta terça, a Regional Centro-Sul não se posicionou sobre o assunto.

Moradores. A artesã Míriam Bonoto, 43, aprova as medidas, mas pede mais providências: “Acho que é uma solução emergencial. O necessário mesmo seria um policiamento constante. O outro mirante aqui do bairro, no Parque das Mangabeiras, já funciona somente até 22h, e, desde então, não ouço falar mais de roubo lá. Pode ser uma saída também”. 

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