O Conselho Federal de Educação Física (Confef) quer proibir o goleiro Bruno Fernandes de continuar dando aulas de futebol para crianças e adolescentes em vulnerabilidade social no Núcleo de Capacitação para a Paz (Nucap), em Varginha, no Sul de Minas. O Confef encaminhou, na semana passada, um ofício pedindo aos conselhos Estadual e Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente para intervirem no caso e impedirem as atividades.
Segundo o presidente do Confef, Jorge Steinhilber, o ex-atleta não tem formação acadêmica “nem moral” para ensinar qualquer atividade física para crianças. “Bruno não tem formação e infringe a Lei Federal 9.696/1998, que dispõe sobre a regulamentação da profissão de educador físico. Sendo assim, como ele vai ensinar, de forma correta, a prática do futebol? Ele não tem valores morais e sociais para passar para crianças que já estão à mercê da sociedade. Isso é inadmissível”, disse.
Ainda segundo Steinhilber, a decisão pode pôr em risco a saúde das crianças e adolescentes, já que Bruno não é habilitado para esse tipo de ensino. O presidente ainda disse que o conselho não questiona a importância das políticas públicas prisionais, “que focam o trabalho como oportunidade de recuperação de detentos e remição da pena”.
Apoio. Segundo Ângela Mara Toledo, coordenadora do Nucap, o ex-atleta não dá aulas e apenas auxilia o voluntário e ex-jogador do Varginha Esporte Clube Mateus Muller. “Bruno chegou no último dia 7 e ajuda em várias atividades do núcleo, inclusive na aula de futebol do Muller. Ele não é professor, mas já tem uma fila de espera de crianças que querem aula com ele. Não vemos problema algum. O Muller também não é profissional de educação física, mas entende do esporte e está disponível para nos ajudar”, disse ela.
O advogado de Bruno, Lucio Adolfo, foi procurado durante toda a tarde pela equipe do jornal O TEMPO, mas não atendeu as ligações.
Atividades. Segundo a coordenadora do Núcleo de Capacitação para a Paz (Nucap), Ângela Mara Toledo, o goleiro Bruno também atua na plantação de mudas de café e na limpeza das instalações, mas passa a maior parte do tempo “batendo uma bolinha” com as crianças. Porém, Ângela disse que os pais querem que ele seja o professor titular do núcleo.
Medida. A autorização para o trabalho externo foi dada pela Justiça de Varginha, onde ele cumpre 22 anos de pena no regime fechado. Ele começou a dar aulas na última segunda-feira.
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