Mateus Leme

Ausência de pistas sobre sumiço alimenta boatos

Menina de 7 anos desapareceu perto da casa da avó, na última sexta-feira

Seg, 15/09/14 - 13h45
Keyla Kelly foi vista pela última vez usando blusa cor de rosa estampada com uma boneca | Foto: ARQUIVO PESSOAL

Após o misterioso desaparecimento de uma criança de 7 anos na última semana, em Mateus Leme, na região metropolitana, os moradores da cidade estão em estado de atenção. Solidários com a família da menina, eles estão temerosos por causa de boatos de que uma quadrilha que trafica órgãos estaria agindo na cidade e de que um corpo infantil teria sido encontrado em Juatuba, cidade vizinha. A Polícia Civil nega os rumores.

A menina Keyla Kelly Gonçalves Neves foi vista pela última vez na sexta-feira, por volta das 20h30. No último fim de semana, vizinhos da família – que mora em uma rua do bairro Jardim Alah – montaram uma força-tarefa em busca da menina. Eles ajudaram a distribuir cartazes e panfletos e vasculharam matagais. A ação contou com a presença do pai da menina, que mora em Santa Luzia, na região metropolitana, e foi a Mateus Leme no último domingo.

“As pessoas estão com medo de deixar os filhos na rua. Meu telefone não para de tocar, todo mundo quer saber notícia”, desabafa o avô, José Aparecido Martins, 51. Ele contou que a neta e a filha viviam com ele até cinco meses atrás, quando se mudaram para Juatuba, após Juliana Gonçalves da Silva, 25, ter se casado.

Investigação. Parentes da menina foram ouvidos nesta terça na Delegacia de Mateus Leme. A Polícia Civil trabalha com as hipóteses de sequestro ou acidente. Segundo o delegado André Luiz Cândido Ribeiro, responsável pelo caso, a criança pode ter se perdido na vizinhança e caído em uma cisterna. Ele não descarta, no entanto, a hipótese de a pequena ter sido vítima de sequestro, assassinato e abuso sexual. “Nunca houve isso na cidade”, disse, desmentindo os boatos.

Segundo o delegado, é possível que o suposto agressor conheça a dinâmica do bairro e da rua, habitada por pessoas da mesma família. “Ela não iria com um desconhecido sem ser à força. Pode ter sido um conhecido”, avalia Juliana, que tem outros dois filhos, um menino de 9 anos e uma de 3 anos.

“Foi uma agonia enorme. Ficamos muito aliviados quando o policial falou que era mentira o boato do corpo de criança encontrado em uma cidade vizinha. Temos esperança de que ela esteja viva”, contou Sheilla Gonçalves, 22, tia da menina.

Descaso

Os familiares da menina reclamam do descaso da polícia. “Olha, eu não vou mentir não. Assim que ela sumiu na sexta-feira a gente chamou a Polícia Militar, mas eles só apareceram depois de 3h. Aí fizeram o boletim de ocorrência, deram uma volta no quarteirão e disseram que era só aguardar. Procuramos a delegacia, mas fomos informados que tanto a de Mateus Leme quanto a de Juatuba não funciona no fim de semana, então procuramos a de Betim, mas não fomos nem um pouco bem recebidos”, conta a mãe de Keyla, Juliana Gonçalves.

Segundo ela, no dia seguinte ao do desaparecimento, um homem procurou a família dizendo que havia visto a Keyla em um ônibus com um homem na Estação Eldorado de Mateus Leme. “Em tempo desse homem fugir, a polícia não fez nada. Nem o procurou para prestar depoimento. Quem nos ajudou foi um deputado que para evitar que o tempo passasse e o homem fugisse, o pegou e levou lá na delegacia. Mas também não era nada, esse homem parece que tem alguns distúrbios mentais. Nós até vimos as câmeras da estação e minha filha não aparece ali em nenhum momento”, contou Juliana.

Conforme a mãe da criança, a delegacia da cidade só começou a fazer algo a respeito nesta segunda-feira. “Parece que eles vão pedir ajuda dos bombeiros para procurar, porque ali na região tem muita mata, muita vegetação fechada. Mas eu acho que se essa procura tivesse começado já na sexta-feira, provavelmente já teriam encontrado a minha filha”, disse a mulher.

No entanto, a assessoria da Polícia Civil disse que as diligências já começaram mesmo na sexta-feira e que o caso está a cargo do delegado André Luiz Cândido, da delegacia de Mateus Leme. Ainda conforme o órgão, o delegado informou que já tem equipes na rua nesta segunda-feira (15) para procurar a menina, mas que ainda não há novidades.

Denúncia
Telefones
. A família pede que qualquer informação sobre a menina seja passada para os contatos: (31) 3535-1743;
(31) 9666-1488;
(31) 8705-5394; ou para o Disque-Denúncia (181).

Com medo, população muda hábitos

Após o desaparecimento de Keyla, os moradores mudaram suas rotinas, principalmente os que têm filhos. “Antes, as mães deixavam os filhos esperarem o escolar na porta de casa, agora elas ficam do lado deles”, contou Tatiane Silva, 32, prima de Juliana.

Um casal que pediu anonimato disse que vai redobrar a atenção. “Dá medo, é um alerta. Quando meus filhos vão para a escola, a gente fica mais preocupada ainda” disse a mulher, de 22 anos.

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