Carnaval

BH em Ciclo responde prefeito 

Lacerda chamou integrantes do Bloco da Bicicletinha de ‘rebeldes sem causa’ após confronto com PM

Sáb, 13/02/16 - 03h00
Ocorrências. Carnaval de BH reuniu mais de dois milhões de pessoas; houve dois conflitos com a PM | Foto: LINCON ZARBIETTI - 8.2.2016

A Associação dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte (BH em Ciclo) publicou nota respondendo ao prefeito Marcio Lacerda (PSB), que chamou os integrantes do Bloco da Bicicletinha e do Tchanzinho Zona Norte de “rebeldes sem causa” após confronto com a Polícia Militar nos desfiles de seus blocos, nos dias 4 e 5, respectivamente. Os integrantes da associação também passaram a usar como foto de perfil nas redes sociais uma imagem que traz uma bicicleta e o escrito “rebeldes sem causa”.

Na nota, a associação explica o que é o Bloco da Bicicletinha, fala sobre as promessas que teriam sido cumpridas com atraso ou não cumpridas por Lacerda no que se refere à mobilidade por bicicleta na cidade e ainda levanta informações sobre o ativismo dos ciclistas por melhorias cicloviárias em Belo Horizonte.

“Ele (o bloco) é um coletivo de ciclistas que existe há cerca de três anos, com edições que acontecem várias vezes ao ano, e tem uma causa: espalhar alegria em cima das bicicletas por Belo Horizonte. São centenas de pessoas que estão usando as ruas para se deslocar e mostrar que, sim, ciclistas têm direito de estar ali”, explica a nota da BH em Ciclo.

O texto ainda faz um levantamento sobre investimentos financeiros e em políticas públicas da prefeitura que beneficiam a cultura da bike na capital mineira e diz que o termo rebelde acaba por parecer bastante correto para quem pedala na cidade.

“Acreditamos que, sim, pedalar em Belo Horizonte é ainda um ato de rebeldia, mas uma rebeldia que significa que não nos resignamos diante da falta de comprometimento da gestão pública com o uso desse transporte sustentável que tanto tem a contribuir com a melhoria da qualidade de vida da cidade. Enfim, prefeito, o que nos ofendeu não foi nos chamar de rebeldes! O que nos ofendeu foi sua total incompreensão sobre a nossa causa”.

Por fim, a associação ainda sugere que os ciclistas mandem o texto para a prefeitura por e-mail. Durante o confronto com a PM, um ciclista, que é arquiteto e urbanista e funcionário da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), foi atropelado.

Resposta. A prefeitura respondeu, por meio de uma extensa nota, que a gestão do prefeito Marcio Lacerda foi a que mais construiu ciclovias na capital.

“Até 2009, Belo Horizonte tinha 23,81 km de ciclovias e atualmente conta com 79,63 km, um aumento de quase 300%. Estão em construção mais dez km de ciclovias nas avenidas Senador Levindo Coelho, João Samarra e Olinto Meirelles, no Barreiro”, diz o texto do Executivo.

Silêncio

Oficial. Procurados para falar sobre a homofobia, a Polícia Militar e a Secretaria de Estado de Defesa Social informaram não ter tempo hábil de enviar estatísticas sobre esse tipo de agressão. A Belotur não respondeu.

Na lei.O crime de homofobia é previsto no Código Penal Brasileiro, sob pena de dois a cinco anos de prisão.

Na íntegra

Embate. Veja no Portal O TEMPO a íntegra da nota publicada pela BH em Ciclo e também da resposta, divulgada em seguida, pela Prefeitura de Belo Horizonte.

Intolerância entristece folia

Durante o Carnaval, quando os belo-horizontinos tomaram as ruas da cidade e optaram por utilizar esse espaço conjuntamente, a diversidade parece ainda ser um entrave para muitos foliões. Vários casos de agressões verbais e físicas contra homossexuais tomaram conta das redes sociais após a festa, e a sensação de insegurança entre eles foi maior neste ano, em comparação com o ano passado. Para 2017, de acordo com a maioria das vítimas, espera-se que haja mais consciência.

Entre as dezenas de relatos que O TEMPO  acompanhou, estavam desde agressões verbais a casos mais graves, como o de dois estudantes, um de 18 e um de 26 anos, que chegaram a ser agredidos com uma grelha de churrasqueira, logo após o cortejo do bloco Pisa na Fulô, no bairro Carlos Prates, na região Noroeste da capital, na terça-feira.

“Estávamos saindo do bloco, e um cara derramou cerveja em mim. Pediu desculpas, rimos e uma amiga dele chegou agressiva e, antes de eu ter tempo de falar qualquer coisa, fui estapeado. Fui para trás de um carro, mas ela continuou gritando, me chamou de desgraça e de ‘veadinho’, dizendo que ia acabar comigo. O namorado dela apareceu com uma grade de churrasqueira e acertou minha cabeça e a de um amigo meu. Corremos e conseguimos escapar”, relatou uma das vítimas, que preferiu não ser identificada.

Os dois se machucaram, mas alegam que não conseguiram acionar a polícia. “Eles (os policiais) fizeram pouco caso e também nos hostilizaram”, comentou.

Savassi. Outros casos também foram denunciados, e há a suspeita de que um grupo de pessoas tenha agredido vários homossexuais na região da Savassi. O voluntário no Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual (Cellos) Lucas Magalhães afirmou ter recebido denúncia do caso e que eles vão apurar o que de fato aconteceu antes de tomar alguma providência. 

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