Aedes aegypti

BH investiga primeira suspeita de microcefalia causada por zika vírus

Criança, nascida na Maternidade Sofia Feldman, foi notificada com microcefalia; amostras do bebê foram enviadas para Fundação Ezequiel Dias (Funed)

Por Natália oliveira
Publicado em 01 de dezembro de 2015 | 11:33
 
 
Teste rápido para dengue e chikungunya passa a ser oferecido pelo SUS Foto: arquivo/O Tempo

A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) de Belo Horizonte está investigando o primeiro caso de microcefalia na capital, doença que pode ser causada pelo Zika vírus, através do mosquito Aedes aegypti. A microcefalia é uma infecção que causa  má-formação do cérebro de bebês. 

Um neném, nascido na Maternidade Sofia Feldman, no dia 23 de novembro, apresentou a doença. A unidade de saúde notificou o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) da SMSA, no mesmo dia, segundo a assessoria de imprensa.

"Após a notificação, a secretaria orientou à maternidade que seguisse o protocolo de rotina para os casos de microcefalia, como exames para rubéola, toxoplasmose e citalomegalovirus. E, de acordo com protocolo do Ministério da Saúde, após a ocorrência de surto da doença no país, a SMSA também orientou a maternidade que enviasse a Fundação Ezequiel Dias (Funed) amostras de exames para sorologia para dengue e chikungunya", informou a secretaria por meio de nota.

Além disso, foram encaminhadas amostras da mãe e recém-nascido para a realização do exame RT-PCR para Zika vírus para o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/FIOCRUZ).  A relação entre a microcefalia e o Zika Vírus só poderá ser identificada após o resultado dos exames.Não foi informado em quanto tempo os resultados devem ficar prontos. 

A mãe e o bebê deixaram o hospital no dia 24 de novembro. Por meio da assessoria de imprensa, o Hospital Sofia Feldman, informou que não pode dar detalhes sobre a mãe e o bebê e nem sobre a doença. 

Ainda de acordo com a secretaria os serviços de saúde responsáveis pelo atendimento das gestantes e recém-nascidos foram orientados a manter o atendimento normalmente, ficando atentos para o preenchimento do adequado da Declaração de Nascido Vivo (DNC) especialmente no que diz respeito a identificação e descrição de malformações. "Os casos de microcefalia identificados ao nascimento e no pré-natal deverão ser discutidos com o serviço de vigilância epidemiológica que fará orientações específicas quando necessário", informa a nota da secretaria. 

Após essas discussões, medidas adicionais devem ser tomadas, principalmente no caso de de microcefalia em situações consideradas de risco como gestantes provenientes de áreas com conhecida circulação de ZIKAV como toda a região Nordeste, o Pará, Roraima, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná ou  gestantes que apresentaram quadro de febre e exantema durante a gestação.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) também se pronunciou sobre o caso por meio de nota. De acordo com o órgão já foram notificados cinco casos no Estado. "Após essa notificação, iniciou-se um processo de investigação, conforme o protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde. A primeira etapa desse protocolo é um questionário de investigação da gestante. De acordo com as informações coletadas, é atribuído se essa gestante encontrava-se em situação de risco, ou seja, se ela estava em alguma área de transmissão do Zica vírus, ou se ela apresenta algum dos outros fatores associados à microcefalia, como o uso de substâncias químicas ou processos infecciosos, causados por bactérias ou vírus", informou a nota.

Ainda de acordo com a secretaria estadual, dos cinco casos até o momento, foi descartada a possibilidade de associação ao Zika vírus em dois deles, e três permanecem em investigação, sendo que um deles é o bebê do Sofia Feldman. Não há circulação de vírus no Estado. 

Medidas adotadas pela prefeitura:

No último dia 30 de novembro a SMSA divulgou nota técnica sobre a microcefalia e o zika vírus para a rede SUS de Belo Horizonte e hospitais privados, com ampla divulgação para as maternidades. 

"As equipes de saúde das nove regionais da capital estão recebendo treinamento e sensibilização a respeito da doença. Além disso, a SMSA produziu folhetos informativos que estão sendo distribuídos para a população chamando a atenção para as três doenças transmitidas pelo Aedes aegypti - Dengue, Chikungunya e Zika", informou a nota da secretaria. 

Até o momento, não há nenhum caso de Zika vírus confirmado em Belo Horizonte. 

A Microcefalia no Brasil

Desde o meio do ano, o Brasil enfrenta uma epidemia de Zika, doença que também é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e provoca sintomas parecidos com o da dengue, no entanto eles costumam ser um pouco mais brandos. Pacientes com a doença têm febre, dor de cabeça e no corpo e manchas avermelhadas. Os sintomas geralmente desaparecem de 3 a 7 dias.

Segundo o último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde nesta segunda-feira (30), até o dia 28 de novembro foram notificados 1.248 casos suspeitos de microcefalia, identificados em 311 municípios de 14 unidades da federação. O estado de Pernambuco registra o maior número de casos (646). Em seguida, estão os estados de Paraíba (248), Rio Grande do Norte (79), Sergipe (77), Alagoas (59), Bahia (37), Piauí (36), Ceará (25), Rio de Janeiro (13), Tocantins (12) Maranhão (12), Goiás (2), Mato Grosso do Sul (1) e Distrito Federal (1).

Três óbitos por causa da doença foram confirmados pelo Ministério da Saúde. Um recém-nascido do Ceará, com diagnóstico de microcefalia e outras malformações congênitas, teve resultado positivo para vírus zika. Além dele, outros dois óbitos relacionados ao vírus foram confirmados pelo governo.

Um deles foi confirmado em um homem com histórico de lúpus e de uso crônico de medicamentos corticoides, morador de São Luís do Maranhão. O exame laboratorial dele deu resultado negativo para dengue. Com a técnica RT-PCR, foi detectado o genoma do vírus Zika no sangue e vísceras.

O outro caso é de uma menina de 16 anos, do município de Benevides, no Pará, que morreu no final de outubro. Com suspeita inicial de dengue, notificada a coleta de sangue foi realizada sete dias após o início dos sintomas, em 29 de setembro. O teste foi positivo para Zika, confirmado e repetido.

A relação entre o vírus Zika e o surto de microcefalia na região Nordeste foi confirmada pelo Ministério da Saúde neste sábado (28). A confirmação foi feita a partir da constatação do Instituto Evandro Chagas da identificação da presença do vírus Zika em amostras de sangue e tecidos do recém-nascido que veio a óbito no Ceará.