Retorno

BH se prepara para primeiro fim de semana com clubes e Feira Hippie na pandemia

Tradicional feira da Afonso Pena e piscinas voltarão a receber visitantes, com restrições; a partir deste sábado (26) unidades prisionais também retomam visitas presenciais

Sex, 25/09/20 - 16h33
Ocupação nas piscinas deverá ser menor e saunas estão proibidas | Foto: Ramon Bitencourt / O Tempo

Pelas previsões do Climatempo, o final de semana será de sol e nenhuma chance de chuva em Belo Horizonte. Nesse cenário de verão em plena primavera, os clubes da cidade poderão voltar a receber associados pela primeira vez desde o começo da pandemia de Covid-19, e, no domingo, a Feira Hippie reocupará a avenida Afonso Pena, no Centro, depois de 27 finais de semanas inativa.

Nesta sexta-feira (25), clubes da cidade fazem os preparativos finais para dar as boas-vindas aos visitantes e se adaptarem a uma nova realidade. As normas da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), elogiadas por donos de clube ouvidos pela reportagem, exigem limitação de uma pessoa a cada 13 m² nas áreas abertas e uma a cada 7 m² nas internas. Com isso, alguns locais calculam que receberão metade do público costumeiro neste final de semana. 

“A expectativa de público é boa, porque o tempo firmou. Em um dia de muito calor antes da pandemia, chegamos a receber 1.000 pessoas. Agora, temos capacidade para receber até 500 ao mesmo tempo, e acredito que teremos passagem de 500 ao longo do sábado, das 6h às 18h”, estima Lúcio Aparecido, presidente do clube Mackenzie, no bairro Santo Antônio, região Centro-Sul. 

No clube Olympico, no bairro Serra, na mesma região, os visitantes deverão encaminhar um termo de consentimento à secretaria, por mensagem ou email, antes de irem ao clube, informando que estão de acordo com todas as regras sanitárias. “Vamos ter quatro gerentes destacados para fiscalizar as piscinas, quadras e restaurantes. É tudo novidade para nós, vamos testar se vai dar certo. Se não der, faremos de outro jeito”, resume o presidente do clube, Walney José de Almeida

Nas piscinas, a regra municipal é manter a lotação de forma que as pessoas fiquem a dois metros uma da outra e, nos treinamentos em grupo, fiquem apenas duas em cada raia. Cada clube poderá fazer o controle como desejar: em alguns casos, como no Olympico, fiscais ficarão de olho nas crianças para que não se aglomerem na água, segundo o proprietário. Já no Minas Tênis Clube, no Lourdes, região Centro-Sul, estão sendo instaladas grades ao redor das piscinas para facilitar o controle de pessoas no local. As saunas estão proibidas de funcionar e as atividades em grupo só devem ocorrer com todos de máscara. 

A professora aposentada Georgina Pessoa, 60, frequenta o mesmo clube, na região da Pampulha, há mais de 30 anos, mas decidiu que só retornará ao local depois de estar vacinada contra a Covid-19. Ela diz temer que, mesmo com todas as medidas preventivas, as pessoas acabarão se aglomerando. “O pessoal vai se aproximar e é desagradável, como não cumprimentar? Fiquei sabendo que vários idosos que frequentavam o clube morreram na pandemia, é muita loucura”, diz.  

Já na casa da pedagoga Anna Luiza Machado, 33, a família está ansiosa para voltar ao clube neste sábado. “Meu avô, de 87 anos, mandou foto no grupo da família da bolsinha dele arrumada para ir. Dá um pouco de receio por ele, mas a gente toma todos os cuidados possíveis e, psicologicamente, ele realmente precisa desse momento”, explica ela.  

Com as portas fechadas, a inadimplência dos clubes na cidade chegou a 25%, segundo estimativa da Federação dos Clubes do Estado de Minas Gerais (Fecemg). Com o retorno às atividades, estabelecimentos cobram acerto no pagamento das mensalidades para readmitir os associados, como a Associação Atlética Banco Brasil (AABB), por exemplo, detalha em seu site. 

Feira Hippie retorna maior, mas sem todos os feirantes

No dia 27, a Feira Hippie retorna à avenida Afonso Pena pela primeira vez, depois de quase 30 domingos paralisada. Para acolher todos os feirantes que desejam retornar, a PBH ampliou o espaço para as barracas, que agora se estenderão da Praça Sete até o encontro da rua Guajajaras com a Afonso Pena. Haverá quatro fileiras de barracas de um passeio a outro da avenida, a fim de impedir aglomeração nos corredores entre elas. 

Nem todos os cerca de 1.900 feirantes que participaram da última exposição, antes da pandemia, estarão de volta neste domingo. Segundo Luís Cláudio de Almeida, membro da Comissão Paritária que negociou a reabertura com a prefeitura, a PBH não chegou a realizar um censo que havia proposto no último mês, pelo qual avaliaria quantos expositores retornariam às atividades já neste domingo. Por isso, a preparação é para receber o máximo de barracas possível.   

O próprio Luís Cláudio, que tem 63 anos e um problema respiratório crônico, decidiu não voltar ainda, por receio de contrair a Covid-19. “Tem que ter participação de todo mundo (na segurança). As pessoas vão ter que respeitar as regras que forem colocadas, como filas na barraca caso haja mais de um comprador”, diz. 

A PBH orienta que os próprio feirantes organizem filas de consumidores nas barracas. Será uma situação inédita para Marcelo Braga, 60, que vende peças de vestuário na feira há quatro décadas. “Não vou deixar criar muvuca. Nessa época de fim de ano, a partir de setembro, eu e minha esposa às vezes atendemos cinco pessoas ao mesmo tempo, é muita gente perto. Então, vamos ter que ter responsabilidade de controlar isso”, diz.

As barracas foram separadas das demais e serão alocadas em dois pontos: na rua Espírito Santo, no trecho entre a avenida Afonso Pena e rua dos Carijós, e na avenida Álvares Cabral, entre a Afonso Pena e a rua Goiás. O consumo de alimentos ao redor das barracas foi vetado, e os clientes precisarão comer em mesas com capacidade para até quatro pessoas.  

Unidades prisionais voltam a receber visitas a partir deste sábado, sob críticas de familiares de presos

Foram seis meses sem visitar os parentes presos nas unidades prisionais de Minas Gerais, e agora os familiares dessas pessoas privadas de liberdade em BH e região poderão vê-las durante 20 minutos, a cada 30 dias, a partir deste sábado. Normas publicadas pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) indicam que presos nos municípios das Ondas Verde e Amarela do programa Minas Consciente poderão receber visitas — 20 minutos por mês, nas áreas amarelas, e três horas por mês, nas verdes. 

Atualmente, apenas a região Norte do Estado, que inclui a Penitenciária de Francisco Sá, por exemplo, está na onda verde, e as demais estão na amarela. Familiares de presos se revoltaram contra as regras e fizeram um protesto na Cidade Administrativa, no bairro Serra Verde, região Norte, na tarde desta sexta-feira.  

“Quando as visitas foram suspensas, achamos a medida necessária. Mas a retomada demorou muito e agora não atende a nossa necessidade. O familiar só tem 20 minutos para ficar com o preso, mantendo distanciamento e sem poder levar um almoço. Um familiar que mora em BH e vai ver um preso em Formigas (na região Centro-Oeste de Minas) vai levar quatro horas para ir, fora o custo de chegar, e ficar lá 20 minutos”, explica Maria Teresa dos Santos, presidente da Associação de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade. 

Em nota, a Sejusp ifnormou que "não procede a informação de mudança no perfil de quem visita o preso": 

"Cabe ressaltar que como as visitas - neste momento de retomada gradual - estão limitadas a uma pessoa por preso e são agendadas pelas equipes de atendimento de cada unidade prisional, é o detento quem indica qual visitante gostaria de receber. Essa é uma regra da Lei de Execuções Penais: o direito à visita é garantido ao preso e não ao familiar ou namorada. Portanto, faz-se justo que o custodiado tome a decisão, fato que também ocorre com as visitas virtuais. 

Como amplamente anunciado, a retomada das visitações está acontecendo de forma gradual. Portanto, novas regras podem ser reavaliadas a qualquer momento.

Antes da pandemia, as visitas presenciais eram restritas a duas pessoas por preso, a cada dia de visitação (sábados e domingos), e já era garantida ao custodiado a escolha de qual visitante receber.

Em todos os problemas  relatados e relacionados à alimentação há, por força de contrato, substituição imediata da alimentação. Nessas situações, a empresa está sujeita à advertência, multa ou até declaração de inidoneidade para novas licitações e contratações com a Administração Pública.

Com relação às questões que tangem à Penitenciária Ribeirão das Neves I - José Maria Alkimin, o Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) informa que apenas um detento foi picado por escorpião, há cerca de 35 dias, enquanto realizava trabalhos externos FORA da unidade prisional. Ele recebeu atendimento imediato pelas equipe de saúde da unidade e não apresentou complicações." 

Já  a  Prefeitura de Belo Horizonte divulgou nota informando que, "conforme previsto no decreto, ficam autorizadas a retornar o funcionamento, as seguintes feiras permanentes promovidas pelo Poder Executivo que foram suspensas por força das medidas temporárias de prevenção à epidemia da covid-19:


I – Feira de Arte, Artesanato e Produtores de Variedades da Avenida Afonso Pena;

II – Feira de Bebidas, Comidas Típicas e Antiguidades Tom Jobim da Avenida Carandaí;

III – Feira de Plantas e Flores Naturais da Avenida Carandaí.
 

A PBH salienta ainda que Feira Hippie conta com 1.769 barracas de produtos, 132 de alimentação e 35 barracas de artes. Em relação à fiscalização, a Subsecretaria de Fiscalização esclarece que as ações serão realizadas com o objetivo de verificar o cumprimento do protocolo de saúde e irá atuar para coibir o comércio irregular.
Já a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) informa que com a reabertura dos clubes e a retomada da Feira na avenida Afonso Pena está previsto também o retorno da fiscalização da Vigilância Sanitária nesses locais. As ações verificam o cumprimento dos protocolos, com o objetivo de minimizar os riscos de transmissão da Covid-19.

Sobre as atividades em quadras esportivas, a SMSA esclarece que a prática de esportes coletivos pressupõe, inevitavelmente, a proximidade dos atletas em distâncias inferiores a dois metros, facilitando a transmissão da Covid-19, que é uma doença de alta transmissibilidade e grande potencial de gravidade. A recomendação é que para praticar esportes é necessário uso de máscara."

Matéria atualizada às 17h43.



 

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