Depois de 12 horas

Bombeiros resgatam jovens perdidos em mata de Raposos

Grupo voltava de cachoeira quando foi abordado por dupla armada, na tarde desse sábado (1º); suspeitos levaram os pertences e deixaram parte deles apenas de roupas íntimas

Dom, 02/08/15 - 09h42

O Corpo de Bombeiros resgatou na manhã deste domingo (2) as sete pessoas, sendo duas mulheres de 23 e 26 anos, e dois menores de 15 e 16 anos, que se perderam em uma mata de Raposos, na região metropolitana de Belo Horizonte, após terem sido vítima de um assalto na tarde deste sábado (1º), quando voltavam de uma cachoeira da região.

Segundo o soldado Ordálio Gomes, da 1ª Companhia Independente do 36º Batalhão da Polícia Militar de Nova Lima, as vítimas contaram que a dupla suspeita de ter cometido o crime estava armada e aparentando estar sob o efeito de drogas. “Os suspeitos roubaram os pertences deles e deixaram os meninos apenas de roupas íntimas. Depois, todos foram obrigados a entrar na mata fechada, de onde não conseguiram sair”, afirmou o militar.

Antes de terem sido liberadas, as vítimas foram ameaçadas de morte e um rapaz, de 23 anos, foi agredido com um tapa na cabeça. “Eles contaram que o suspeito não dizia coisa com coisa, mas afirmou que estava com quatro munições e que teria que matar alguém”, revelou o soldado.

As vítimas contaram também que um dos suspeitos, que estava com uma arma na cintura, era um homem moreno e alto, com idade entre 30 e 35 anos. “Eles relataram ainda que o homem não tinha dois dentes e que trajava blusa vermelha, calça verde e boné. Já o outro envolvido teria ficado a todo o momento no meio do mato, escondido, e que eles apenas escutaram a voz dele”, completou.

Depois de terem sido liberados, as vítimas, pelo celular, acionaram a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros, por volta das 18h30 deste sábado (1º),que deram início às buscas. Somente 12 horas depois, o grupo foi localizado e transportado pelo helicóptero Arcanjo até um campo de futebol. As famílias foram avisadas e levaram roupas para os que estavam despidos.  A polícia informou que ainda não localizou nenhum dos suspeitos e declarou que esse tipo de crime é raro na região.

Momentos de desespero

Ainda traumatizada com o assalto, uma das vítimas, uma mulher de 26 anos, afirmou que não pensa mais em fazer trilhas. “Fazemos parte de um grupo fechado nas redes sociais e, praticamente todos os fins de semana, fazemos caminhadas naquela região. Mas, agora, depois do que aconteceu, estamos traumatizados, pensando em desistir. Até os que não estavam no assalto, estão com medo. Muitas pessoas fazem caminhadas, andam de bike e fazem motociclismo naquela região. Infelizmente, não há segurança nenhuma”.

Ela ainda deu detalhes dos momentos de terror que eles passaram nas mãos dos bandidos. “Estávamos passando por uma trilha estreita, quando escutamos um deles mandando a gente ficar parado. Depois, ele disse pra gente colocar as mãos para o alto, nos ajoelhar, colocar as bolsas na frente, abrir e entregar os pertences. Como eu era a penúltima da fila, consegui guardar meu celular e dinheiro dentro da calcinha. Mas o líder do grupo, um dos mais prejudicados, teve uma câmera profissional e um tablet roubados. Fora os celulares demais pertences que eles levaram”, lamentou.

Conforme ela, depois de terem sido assaltados, as mulheres foram liberadas e, depois, os homens. “Saímos correndo para buscar ajuda. Logo depois, nos encontramos. No desespero, nos perdemos. Pedimos ajuda pelo celular, mas, como tivemos que passar a noite na mata, sentamos em circulo, de costas um para o outro, para nos aquecer. Eu mesma estou com a boca toda queimada por causa do frio. Mas só tenho a agradecer. Estamos salvos, é isso que o importa. Os pertences, a gente trabalha e corre atrás”, finalizou.

Para finalizar, ela ainda deu um recado de alerta para a possibilidade de novos assaltos na região. “Quando fomos resgatados, um policial disse que não é comum esse tipo de ocorrência na região, contudo, uma senhora que estava no local disse que lá é uma região perigosa, porque existe um centro de recuperação para ex-drogados nas proximidades e, segundo ela, eles ficam soltos. Já o homem que nos atacou, afirmou que fica acampado na trilha, em Raposos, e que sua profissão é assaltar as pessoas que passam por lá”, finalizou. 

Atualizada às 16h10

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