Brasil Container é condenada a indenizar vítima em R$ 65 mil

Investigada pela suspeita de aplicar um golpe que pode ter lesado mais de mil pessoas em até R$ 50 milhões, a empresa Brasil Container foi condenada, pela primeira vez, a indenizar uma investidora. A vítima, uma recepcionista, receberá um total de R$ 65,1 mil, em valor corrigido.

A decisão, divulgada ontem pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), é da 12ª Câmara Cível de Belo Horizonte e confirma uma outra, tomada anteriormente, em 1ª instância, pela Justiça de Contagem, na região metropolitana. Ainda cabe recurso da decisão.

Segundo a assessoria do TJMG, a recepcionista havia aplicado R$ 52 mil, quantia que obteve após a venda de um apartamento, em 2008. Ela recebeu da empresa a promessa de que receberia um rendimento de 4% a 5% ao mês. Ao final de um ano, explicitado em contrato, ela poderia retirar a quantia.

Durante a vigência do acordo, porém, a mulher acabou sendo surpreendida por um comunicado da empresa, informando que, devido à crise econômica mundial, os pagamentos mensais seriam suspensos.

A decisão judicial pode abrir um precedente para outros pareceres favoráveis às vítimas do suposto golpe. A assessoria de comunicação do Fórum Lafayette informou que tramitam, nas comarcas de Belo Horizonte e Contagem, mais de 850 processos envolvendo a Brasil Container.

Esquema. O escândalo estourou em fevereiro de 2009, quando os clientes que se sentiram lesados procuraram a Polícia Civil para denunciar o suposto golpe. Até hoje, as investigações não foram concluídas.

O delegado Denilson Gomes, da Delegacia Especializada de Combate a Falsificações e Defraudações, informou que, apesar do bloqueio dos bens da Brasil Container, alguns negócios continuam sendo realizados pela empresa, que não teve seu fechamento imposto pela Justiça.

Ontem, a reportagem procurou algum representante da empresa, mas uma funcionária disse que ninguém se pronunciaria sobre a decisão.

O golpe
Setembro de 2005. A Brasil Container entra no mercado prometendo juros de 4% a 5% ao mês a investidores. Eles também vendiam contêineres por R$ 5.000. Para atrair compradores, a promessa era que os contêineres seriam alugados para obras por todo o país e renderiam R$ 350 ao mês. No entanto, o aluguel não era pago.
Novembro 2008. A empresa envia uma nota aos clientes informando que ela estava passando por dificuldades financeiras e, por isso, cancelaria os contratos com os compradores.
Fevereiro de 2009. Estoura o escândalo e clientes procuram a polícia pra denunciar o golpe.