Transporte

Briga entre táxi e Uber chega à Câmara e pode alongar impasse

Para evitar desgaste, vereadores ensaiam jogar para o Executivo responsabilidade de definição

Sex, 07/08/15 - 03h00
Protesto. Taxistas foram até a Câmara em carreata; após descobrirem que a audiência havia sido cancelada, eles fizeram uma manifestação | Foto: Ale de Jesus

A briga entre taxistas e o aplicativo Uber chegou à Câmara Municipal de Belo Horizonte e deu início a uma disputa entre vereadores que pode atrasar a busca por uma definição. Além da batalha pelos votos dos taxistas nas eleições municipais do ano que vem, o imbróglio ganhou um novo ingrediente: representantes do Uber estariam assediando parlamentares em busca da liberação do aplicativo. Para evitar o desgaste com a categoria, o Uber e a população, os políticos ensaiam uma maneira de jogar a responsabilidade para o Executivo.

Nesta quinta, cerca de mil taxistas saíram em carreata pelas ruas da cidade até a Câmara Municipal, onde participariam de uma audiência pública. Porém, quando chegaram ao local, encontraram o plenário fechado, já que a presidência da Câmara tinha cancelado a audiência na noite anterior. Houve confusão até que os líderes da categoria foram convocados para uma reunião na presidência.

A audiência havia sido marcada pelo presidente da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo, Professor Wendel (PSB). Ele é autor de um dos projetos sobre o Uber em tramitação. “A presidência alegou que esse assunto não poderia ser tratado na minha comissão, e sim na de Transporte, só que o meu projeto também responsabiliza os hotéis que facilitarem o uso de transporte clandestino”, justificou.

Wendel chegou a tentar aprovar a audiência na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário. Porém, a comissão rejeitou o pedido e aprovou o requerimento para audiência com o mesmo tema, só que de autoria do vereador Wagner Messias, o Preto (DEM), presidente da comissão. “Essa foi uma manobra muito incomum e mostra que o clima não está bom. Há disputa política, sim, ainda mais que o Uber tem entrado em contato com vários vereadores”, disse um servidor.

Após pressão dos taxistas, o plenário foi aberto, e o presidente da Casa, Wellington Magalhães (PTN), acompanhado de Preto e Professor Wendel, se explicou. “Não há disputa entre os vereadores. Todos os 41 são a favor dos taxistas. Mas, para evitar polêmica, vamos trabalhar para que o prefeito de Belo Horizonte envie o projeto com a proibição do Uber, que aí não tem polêmica nem risco de veto”, afirmou o presidente, garantindo que dará prioridade aos projetos sobre o Uber.

Vereadores procurados nesta quinta pela reportagem negaram qualquer negociação com o Uber. “Eu cheguei a receber uma ligação do Uber, mas não atendi porque não converso com transporte clandestino”, afirmou Preto. O Uber informou que atua sempre em diálogo com o poder público para encontrar uma solução para esse impasse.

Protesto
Confusão.
Após ficarem sabendo do cancelamento da audiência, parte dos taxistas fechou as duas pistas da avenida dos Andradas. Houve tumulto, e a PM precisou intervir.

Saiba mais
Segunda
. Uma nova audiência pública foi marcada na Câmara de Belo Horizonte para segunda-feira.

Brasília. O governo do Distrito Federal vetou o projeto aprovado pela Câmara Distrital que proibia o Uber na capital federal. Segundo o governador Rodrigo Rollemberg, o projeto é inconstitucional. No entanto, ele vai abrir um prazo de 90 dias para discutir com a sociedade se é possível criar uma forma de regulamentação do Uber.

Londres. Os taxistas da capital inglesa realizam nesta semana uma série de manifestações contra a decisão do governo britânico de regulamentar o Uber. Eles alegam que as exigências feitas aos motoristas do aplicativo são mais simples que as impostas aos táxis.

Outro argumento utilizado pelos taxistas londrinos foi a postura do Uber diante da última greve de metrô, no mês passado. O aplicativo aproveitou a alta demanda para aumentar o preço de suas tarifas.

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