Pré-carnaval

Caminhão-pipa na Praia da Estação gera discussão sobre desperdício

Segundo integrantes do movimento, a quantidade de água jorrada dá cerca de 20 litros por pessoa, menos do que o que se gasta em um banho

Sáb, 24/01/15 - 16h59

Depois de uma semana de notícias preocupantes sobre a crise hídrica no Brasil, este sábado (24) foi, literalmente, dia de esquecer os problemas, ir para a rua e se divertir. Já em ritmo de Carnaval, o Praia da Estação, que reuniu centenas de pessoas no centro de Belo Horizonte em uma tarde nublada, não dispensou sequer o tradicional caminhão-pipa, que a todo encontro refresca o público.

Cerca de 10 mil litros foram usados para alegria dos ‘banhistas’. Em outros pontos da cidade, foliões também não pouparam disposição e incentivo aos blocos nos ensaios. No Praia, caía uma garoa fina quando o caminhão-pipa chegou à praça da Estação.

O público não chegava a lotar o espaço, mas o clima era quente pelo mormaço e agitação da galera. Como também é tradição, muitos usavam trajes de banho e comemoraram o princípio de chuva. Depois de arrecadarem R$ 250 entre os participantes para pagar o caminhão-pipa, a água começou a jorrar – para a surpresa de algumas pessoas que passavam pelo local e não esperavam ver aquela cena em tempos de racionamento.

Madson Rodrigues, que passava pelo local, chegou a filmar a festa com o celular e enviou à reportagem de O TEMPO. "Acho um absurdo logo após o governo pedir economia de 30% da água o pessoal ficar desperdiçando assim", disse. Porém, os banhistas justificaram dizendo que a quantidade é mínima se comparada ao uso diário de água. 

"Isso não é desperdício, isso é viver, é alegria”, disse a frequentadora assídua do Praia, Denice Benedito. O estudante de psicologia Lisieux Marc, 25, que chamou o caminhão-pipa, disse que já houve uma discussão entre os participantes sobre a crise hídrica, mas eles chegaram a conclusão de que o gasto não era significativo. “Normalmente são dois caminhões-pipa (10 mil l cada) para mil pessoas, o que dá 20 litros por pessoa, menos do que o gasto em um banho”, afirmou.

Blocos

O terceiro ensaio do bloco “Baianas Ozadas”, na tarde deste sábado, no Largo da Saideira, no bairro União, região Nordeste da capital, não teve chuva de água, mas chamou a atenção pela sintonia da bateria e também dos participantes na coreografia. “Aqui todo mundo se contagia e vira baiano”, disse Ivone Gomes, uma das fundadoras do grupo de dança Requebra.

Desta vez, foi cobrado R$ 10 do público para ajudar nas despesas com carro de som e outros gastos do bloco. A estudante Maria Letícia Ticle, 26, colocou um turbante branco na cabeça e se deixou levar pelo ritmo afro. “A gente dança solto, do jeito que se sentir bem, é muito bom”, comentou a jovem.

À tarde, integrantes do Baianas Ozadas ainda tiveram ânimo para apoiar o bloco “Tchanzinho Zona Norte”, que fez ensaio aberto na praça Manoel dos Reis Filho, no Jaraguá, na região da Pampulha. Do outro lado da cidade, no bairro São Pedro, na região Centro-Sul, o bloco “Diz que me ama, pô”, formado há cerca de seis anos, fechou a rua São Romão e fez o primeiro pré-Carnaval do grupo neste ano, no bar São Romão.

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