O Anel Rodoviário da capital terá restrição ao tráfego de caminhões após a construção do Rodoanel Norte, que tem previsão de conclusão das obras para 2020. Pelo menos esse é o planejamento proposto no edital de licitação da obra para retirar os cerca de 70 mil veículos pesados que passam diariamente pelo Anel. Na avaliação de especialistas de trânsito, essa medida seria benéfica para o tráfego da cidade, mas só seria possível se forem construídas grandes centrais de carga no Rodoanel, para não atrapalhar o abastecimento da capital. Já o setor de logística diz que a ação é desnecessária.
Hoje, há restrições ao tráfego de caminhões em 15 trechos de avenidas da cidade. Com a implantação do Rodoanel Norte, essa restrição seria estendida para outros 13 pontos que fazem interseção com o Anel, além da própria rodovia entre o trevo da BR–040, no sentido Brasília, e a saída da BR–381, no sentido Vitória. Os caminhões teriam que usar o Rodoanel Norte, que ligará a BR–381, na saída para São Paulo, à BR–381, na saída para o Espírito Santo.
Para o professor do Departamento de Engenharia de Tráfego da Universidade Fumec Márcio Aguiar, a restrição da circulação de veículos pesados no Anel seria benéfica para o trânsito local, mas poderia ser prejudicial para o abastecimento da cidade. “Hoje, o tráfego de caminhões no Anel é essencial para o abastecimento de Belo Horizonte e continuará assim, pois o contorno do Rodoanel fica longe da cidade. Mas a única possibilidade de fazer a restrição de caminhões no Anel é se houver criação de grandes centrais de carga ao longo do Rodoanel, de forma que o material possa ser estocado e redistribuído em veículos menores”, explica.
Já o consultor técnico do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de Minas (Setcemg) Luciano Medrado defende que nem mesmo o Rodoanel possibilita a retirada dos caminhões do Anel. “O Rodoanel vai potencializar a rapidez de abastecimento da capital, mas, ainda assim, o Anel é muito importante para que os produtos cheguem até o consumidor”, diz.
Saiba mais
Atualmente. Caminhões com mais de 5 t ou com comprimento maior que 6,5 m já não podem circular em pontos das avenidas do Contorno, dos Andradas, Afonso Pena, Nossa Senhora do Carmo, Prudente de Morais, Raja Gabaglia, Amazonas, Tereza Cristina, Pedro II, Antônio Carlos, Cristiano Machado, elevado Castelo Branco e nas ruas Pouso Alegre, Jacuí e Itajubá. A Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) informou que não há previsão de aumento dos locais de restrição.
Etapas. Após a conclusão do Rodoanel Norte, o único trecho que poderá receber caminhões será na BR–040, entre a saída para o Rio de Janeiro e a saída para Sete Lagoas. Nesse local, a restrição será implantada após a conclusão do Rodoanel Sul, de responsabilidade da União e ainda em fase de projetos.
Rodoanel só sai no prazo se contrato for assinado em 2015
Apesar de a licitação do Rodoanel Norte já ter sido homologada, o contrato ainda não foi assinado. Como O TEMPO mostrou nesta sexta, uma comissão técnica criada pelo governo do Estado está analisando todos os documentos do processo, pois há risco de o modelo de Parceira Público Privada (PPP) ser prejudicial aos cofres estaduais.
A decisão de assinar ou não o contrato ficará para a gestão do governador eleito Fernando Pimentel (PT).
A partir da assinatura do contrato, o consórcio vencedor terá dois anos para concluir o projeto executivo e mais três anos para concluir as obras. Caso o contrato seja assinado em 2015, o Rodoanel estará pronto em 2020, e a empresa poderá explorar a rodovia até 2045.
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