Sabará

Capela de 303 anos é isolada

Erguida em 1713, igreja Nossa Senhora do Rosário foi fechada preventivamente para obra no telhado

Sex, 18/11/16 - 02h00

O município de Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte, se destaca por sua arquitetura barroca e igrejas históricas. Mas um dos principais monumentos da cidade está interditado preventivamente, por tempo indeterminado, para uma obra em seu telhado. A estrutura da igreja Nossa Senhora do Rosário foi comprometida com a chegada do período de chuvas, e a paróquia e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) optaram por fechar a capela e o museu durante as intervenções. O local está isolado desde o dia 11 deste mês, e as obras começaram na última segunda-feira.

Os imponentes muros de pedras que cercam o templo, como contam os moradores, foram construídos por escravos e ainda se mantêm intactos, mas a capela de taipa (barro), erguida em 1713, está se sustentando por escoras até que a reforma seja realizada. A equipe contratada pela própria paróquia está fazendo a retirada do telhado para que, após esse processo, uma nova avaliação seja feita.

De acordo com o Iphan, os técnicos do órgão retornarão a Sabará no próximo dia 21 para a vistoria. O pedreiro Welton Silva, 25, explica que a madeira que sustentava o telhado do local está toda apodrecida e possivelmente será trocada. Ele conta que os operários farão a retirada de todas as telhas e aguardarão as orientações do Iphan para continuar a obra. Não há previsão para a conclusão dos trabalhos.

Custos. A intervenção está sendo realizada pela paróquia, e, de acordo com a Arquidiocese de Belo Horizonte, ainda não é possível calcular os custos da obra, já que a nova vistoria do Iphan ainda é aguardada. Segundo moradores, os padres têm pedido que os fiéis colaborem com a reforma.

“Essa igreja é o nosso cartão-postal e não pode ser deixada de lado. Tenho muito orgulho disso”, diz a aposentada Marly Dornelas, 81.

Além da igreja, o museu do Rosário também está fechado. No local, há mais de 20 obras sacras feitas de madeira e que também são do século XVIII. A atendente do local, Regina Maia, afirma que gostaria que pelo menos o museu continuasse funcionando. “Queria que eles colocassem um tapume entre a parte afetada e o resto do prédio. Assim poderíamos continuar aqui”, afirmou.

No entanto, o Iphan e o memorial da arquidiocese afirmam que o fechamento é uma medida de segurança devido à quantidade de chuvas.


Ouro Preto

Interpol procura peças sacras

A Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) está à procura de três das 15 peças sacras furtadas da igreja matriz de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto, na região Central de Minas Gerais, em 1973. As fotos das obras foram inseridas na base de dados da chamada Lista de Difusão Branca, que tem o objetivo de localizar objetos de alto valor que foram roubados.

As imagens das outras 12 peças não foram repassadas à Interpol ainda, uma vez que o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) não conseguiu fotos com boa resolução. O grupo de busca tem a participação de 190 países-membros da Interpol.

Além das fotos, a Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais solicitou a inserção de informações de obras furtadas em outros municípios mineiros, como 24 peças levadas de Campanha, 16 de Oliveira, uma do Serro e uma de Milho Verde.

Como informou o Ministério Público, o furto à igreja matriz de Nossa Senhora do Pilar, de Ouro Preto, ocorreu em 2 de setembro de 1973. Na época, foram levadas 15 peças sacras, datadas do início do século XVIII, com grande valor artístico e econômico (Da redação)


Saiba mais

Festa. A atendente do museu do Rosário, Regina Maia, está preocupada com o fechamento para a visitação, já que, no início de dezembro, o município receberá a tradicional Festa da Jabuticaba, e isso afetará a arrecadação do museu. “Nessa época vêm muitos turistas. Isso poderia ajudar na reforma”, disse.

Fundo. O Iphan afirmou ter um fundo emergencial, mas trata-se de uma verba limitada que só é usada em casos extremos. Normalmente, os proprietários têm que arcar com reparos e reformas.


Moradores temem que fachada de igreja desabe em Itabira

Há quatro anos, a igreja Nossa Senhora do Rosário, em Itabira, na região Central, está fechada devido a riscos estruturais. Com as chuvas, moradores temem que a fachada não aguente e desabe. Atualmente, a diocese trabalha em um plano emergencial para amenizar a situação, mas, devido à falta de recursos, a obra está parada.

Segundo o responsável pela igreja, padre Márcio Soares, os reparos não foram iniciados por dificuldades em dialogar com a prefeitura sobre o financiamento. O local é tombado pelo Iphan como patrimônio histórico desde 1944. “O Iphan já aprovou, mas os custos devem ser financiados por nós, pela prefeitura e pelo órgão federal. Até agora, nada foi definido”, afirmou.

O conselho patrimonial da cidade informou que não recebeu o projeto. Até o fechamento desta edição, o Iphan não havia se manifestado. (Letícia Fontes/Especial para O TEMPO)

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