serra da piedade

Capela histórica na Serra da Piedade é reinaugurada

Chamada também de “Ermida da Padroeira, a estrutura abriga a imagem de Nossa Senhora da Piedade, a padroeira de Minas Gerais

Por Luciene Câmara
Publicado em 22 de novembro de 2014 | 18:04
 
 
Cidades - Belo Horizonte - MGReinauguracao da capela e procissao na Serra da Piedade em CaeteFOTO: FERNANDA CARVALHO / O TEMPO - 22.11.2014 FERNANDA CARVALHO / O TEMPO

Depois de dez meses fechada para obras de revitalização, a pequena capela do Santuário Estadual de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, na região metropolitana de Belo Horizonte, foi reinaugurada hoje. Chamada também de “Ermida da Padroeira”, a estrutura abriga a imagem de Nossa Senhora da Piedade, a padroeira de Minas Gerais, feita por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. São quase 250 anos de história a 1.746 m de altitude.

A bênção de reabertura, no início da tarde, ocorreu ao som dos oito sinos que, agora, compõem as torres da capela. Antes da reforma, havia apenas um único instrumento badalando no local, que ficará exposto no futuro Museu Maria Regina Mundi, previsto para ser inaugurado em 2017 no local – quando o santuário completará 250 anos de existência.

A obra de revitalização da ermida, considerada o ‘coração’ do santuário, custou R$ 2 milhões, pago pelo Governo do Estado. Como a umidade é alta no local, a madeira que reveste boa parte da capela já tinha apodrecido. Toda essa estrutura precisou ser restaurada e pintada, sem que as características arquitetônicas e históricas se perdessem.

“Todo o trabalho foi feito com acompanhamento de órgãos ambientais, técnicos de engenharia e especialistas em restauração , de modo a conservar o que é a originalidade da capela. Ao entrar na ermida restaurada e contemplar Nossa Senhora da Piedade, no meu coração, vem um sentimento de devoção e confiança de que a presença de Maria nos inspira como discípulos. Meu sentimento é de alegria compartilhada com o povo de Deus”, afirmou o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo.

Tecnologias. Toques de modernidade também foram adotados no local, como a nova iluminação, a sonorização que agora conta com a Rádio Padroeira de Minas, canal interno de comunicação do santuário com os visitantes, e a instalação de TVs de LED no interior da capela. O ponto forte da obra, segundo a arquiteta da arquidiocese Daniela Duarte de Freitas Oliveira, foi a rampa de acesso para pessoas com dificuldade de locomoção, que antes não existia no local.]

A cadeirante Kátia Almada, 38, se emocionou ao conhecer a ermida. Vinda de São João Del Rei, no Campo das Vertentes, ela disse que seu sonho era visitar o santuário. “O acesso é muito fácil e o lugar é maravilhoso, transmite muita calma”, disse Kátia, ao lado do marido Sérgio Silva, 36.

Público. A cerimônia de bênção da nova capela reuniu cerca de 800 pessoas. Entre elas, estavam seis integrantes da Associação das Caminhantes da Estrada Real, com sede em Belo Horizonte. O grupo é formado por mulheres acima de 40 anos, que já percorreram 1.733 Km a pé em dez anos de união. “Estamos aqui hoje pela valorização turística e porque defendemos a estrada real”, disse a presidente da entidade, Maria Elvira Sales Ferreira.

A dona de casa Mirele Dias Braz, 24, também fez questão de pedir bênção a Dom Walmor e a padroeira pelo seu aniversário, comemorado ontem. “Sinto muita paz e alegria de subir aqui. Isso já é um grande presente”, comentou a jovem, que veio em caravana de Santa Luzia, na região metropolitana. A pensionista Maria de Lourdes Rodrigues dos Santos, 75, veio de Betim, também na região metropolitana, e fez questão de passar horas rezando o terço dentro da capela. “Sou devota de Nossa Senhora. Ela sempre concede saúde para mim e minha família”, concluiu.

Serviço. A programação no santuário se estende amanhã, com missa de Dom Walmor às 8h na capela, e uma série de outras atividades até as 18h30.

Visitação. Segundo o arcebispo, o número de visitantes no santuário passou de 30 mil em 2010 para 300 mil este ano. “O motivo desse aumento é a presença de Nossa Senhora, emoldurada pela beleza do lugar e pela significação histórica”, concluiu Dom Walmor.

Arcebispo anuncia novas obras no santuário
Durante a cerimônia de reinauguração e bênção da ermida do Santuário Estadual de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, na tarde de hoje, o arcerbispo metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor de Azevedo, anunciou novas obras para o santuário: a praça Alcides da Rocha Miranda, que terá cerca de 3 m², e ficará em frente a nova igreja do local, e o Museu Maria Regina Mundi, previsto para ser inaugurado em 2017 – quando o santuário completará exatos 250 anos.

Ao fazer seu discurso, o arcebispo perguntou ao público se o prefeito de Caeté, Zezé Oliveira, estava presente no evento. Diante da ausência de Oliveira, Walmor disse que é importante a prefeitura participar de projetos. Ele informou que o dinheiro para a praça (R$ 450 mil) já foi obtido, desde que o Governo do Estado publicou decreto de importância cultural e paisagística do santuário. Falta apenas a prefeitura “não burocratizar” o processo de licitação, segundo Walmor.

“Essa obra poderia estar sendo entregue hoje (ontem) ou ao menos no início do ano que vem”, completou Walmor. Ele disse que a arquidiocese até ofereceu apoio de uma equipe de licitação da PUC Minas à Prefeitura de Caeté. Zezé Oliveira não foi encontrado para comentar o assunto.

Museu. Sobre o Museu Maria Regina Mundi, o arcebispo disse que já há projeto para dar início aos estudos museográficos no Instituto Brasileiro de Museus. “A partir disso, abrimos caminho para capitação na Lei Rouanet (de incentivo à cultura). Esperamos dentro do prazo, que é o razoável, inaugurar o museu.”, disse o arcebismo. O espaço será dedicado à Nossa Senhora. Questionado se será possível ter a presença do papa Francisco no evento de inauguração do museu, em 2017, ele respondeu: “Quem sabe com o papa, podemos convidá-lo.”