Manifestação

Carroceiros protestam contra projeto que pode extinguir carroças em BH

Grupo se reuniu na avenida Pedro II e foi até a Câmara Municipal, onde uma comissão se reuniu com vereadores

Qua, 22/10/14 - 08h15

Quem passou por algumas ruas e avenidas de Belo Horizonte na manhã de ontem se deparou com uma cena inusitada. Pedestres e motoristas tiveram que dividir o espaço das vias com aproximadamente 300 carroceiros. Em protesto contra projeto de lei que propõe a substituição das carroças por veículos de tração motorizada, conhecidos como Cavalos de Lata, eles se reuniram na avenida Pedro II, na região Noroeste, e seguiram até a Câmara, na região Leste. “Nunca vi tanta carroça assim na minha vida”, disse a pedagoga Denise Bueno, 37, que estava no caminho da manifestação.

O protesto começou às 10h e fechou as pistas da avenida Pedro II no sentido centro. Apenas a faixa para ônibus ficou liberada. Após a manifestação passar pela avenida Afonso Pena, no centro, chegou à Câmara, onde os carroceiros ficaram até o fim da tarde. A assessoria de imprensa do órgão informou que foi formada comissão de carroceiros para acompanhar os trâmites do projeto, que ainda não tem data prevista para votação.

Proposta. De autoria de Adriano Ventura (PT), o texto tem a intenção de substituir a carroça, puxada por cavalos, por um tipo de transporte acionado por motor elétrico. “A ideia não é extinguir o serviço, mas substituir a exploração do animal por um veículo elétrico”, explica parlamentar. Segundo o texto, o Cavalo de Lata traria maior qualidade de vida para os animais.

Carroceiros, no entanto, reclamam que a iniciativa acabaria com a profissão, já que muitos trabalhadores não têm condições de conduzir o novo veículo. “Estamos acostumados a trabalhar com carroças. Muitos dos carroceiros são analfabetos e não teriam condições de tirar a carteira de habilitação para dirigir a moto. Vamos perder empregos”, disse o carroceiro Adilson Custódio Araújo, 42.

Ventura, no entanto, ressalta que o veículo sugerido por ele é uma espécie de bicicleta elétrica e não demanda posse do documento, mas a exigência de regulamentação na prefeitura continuaria. Para conduzir a carroça, os carroceiros devem apresentar licença, renovada a cada quatro anos. 

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