Nova etapa

Caso Backer: vítima de intoxicação dá entrada em hospital para fazer transplante

Professor Cristiano Gomes, que ficou 71 dias hospitalizado e teve parte dos movimentos do rosto comprometido, vai receber o rim da mulher, Flávia Schayer

Por Raquel Penaforte
Publicado em 28 de setembro de 2020 | 18:07
 
 
Cristiano Mauro Assis Gomes e sua mulher, Flávia Schayer Foto: Arquivo pessoal

“A gente está chegando aqui no hospital com o coração muito feliz. Estou doando meu rim para meu marido com a maior honra do mundo”, declarou Flávia Schayer, 48, esposa do professor Cristiano Gomes, 47, uma das vítimas de contaminação por dietilenoglicol, presente em alguns lotes da cerveja produzida pela Backer. Após ficar 71 dias hospitalizado, perder mais de 10kg e ter parte dos movimentos do rosto comprometido, ele se prepara para voltar ao bloco cirúrgico. Desta vez para ser transplantado e não mais depender da hemodiálise.

“Quero dar uma qualidade de vida pra ele. Atualmente ele precisa ficar dez horas por dia ligado na máquina de diálise e é muito desgastante”, contou Flávia. O casal tem o mesmo tipo sanguíneo, o que possibilitou a doação direta entre eles. “Somos O positivos. No meu íntimo sempre soube que poderia doar, mas, quando o exame confirmou, nós nos abraçamos e choramos muito. Agora é vida nova”, completou.

O casal deu entrada no hospital Felício Rocho nesta segunda-feira (28), e será submetido à cirurgia nesta terça-feira (29).

“O procedimento dura em média uma hora e meia e vai ocorrer simultaneamente. Os dois ficarão em salas separadas, mas lado a lado, sob anestesia geral”, detalhou o cirurgião titular da equipe de transplante do hospital, Ricardo de Castro Gontijo O profissional vai realizar o procedimento ao lado de outros três médicos.


“Estamos com uma ótima expectativa em relação ao procedimento. Inicialmente, tentamos um resgate da função renal do Cristiano, sem sucesso, então ele vai fazer o transplante, que é uma terapia mais eficaz, mais duradoura, que traz maior expectativa de vida e maior qualidade de vida pra ele”, afirmou o médico.


Ainda segundo ele, logo após o procedimento, a Flávia poderá ir para sala de recuperação anestésica e depois para o quarto. “O Cristiano já vai, como de rotina, para a terapia intensiva, onde vai passar um a noite. Estando tudo bem, recebe alta para o quarto. O rim, no geral, já começou a funcionar assim que transplantado”, explicou. 

Relembre

Dez pessoas morreram em decorrência da intoxicação por mono e dietilenoglicol (substâncias encontradas na cerveja). Pelo menos outras 29 foram intoxicadas pelo produto.

O caso começou a ser investigado em 5 de janeiro. A Polícia Civil apontou que um funcionário repunha a substância tóxica no tanque, que tinha um furo, por acreditar que o material estava evaporando. O líquido vazava para as cervejas. Onze pessoas foram indiciadas por lesão corporal, contaminação de produto alimentício e homicídio.