'Crime Bárbaro'

Caso do bebê congelado em BH: mulher chegou a dar à luz uma menina

Mulher teria comprado abortivo por R$1.300 e, depois do procedimento ilegal, jogou a placenta no vaso e embalou o corpo da criança

Por Manuel Marçal
Publicado em 02 de dezembro de 2021 | 18:50
 
 
Polícia Civil Foto: Videopress Produtora / O TEMPO

A Polícia Civil de Minas Gerais deu mais detalhes, na tarde desta quinta-feira (2), sobre o caso da mulher presa em flagrante pelo crime de ocultação de cadáver da própria filha recém-nascida. O corpo estava em um congelador havia mais de um ano na região do Barreiro, em Belo Horizonte.

Segundo os policiais, a mulher, que é baiana, tem dois filhos e alegou que não queria ter um terceiro. O inquérito ainda apura a motivação do aborto.

A suspeita relatou em testemunho que teria feito buscas na internet para realizar o aborto, procedimento proibido no Brasil a não ser em casos de má-formação ou estupro.

A mãe teria pagado R$ 1.300 por um remédio abortivo após encontrar com um vendedor na Praça Sete. Em seguida, conforme a polícia, a mulher foi encaminhada para um hotel, no hipercentro da cidade, para realizar o procedimento. A PCMG não revelou o endereço. 

“Ela afirmou que tomou o remédio e depois veio a desfalecer. Quando acordou se deparou com o corpo morto”, explicou o inspetor Arnaldo Gomes, do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

“Então, ela pegou a placenta e jogou no vaso sanitário. Não fez o mesmo com a criança morta, porque não cabia. Em seguida, envolveu o corpo em uma cinta e em um saco plástico”, contou o inspetor. Os policiais ainda investigam os motivos de ela não ter dado outra destinação ao corpo.

A Polícia Civil afirma que o fármaco usado por ela, por si só, não seria suficiente para a causa do óbito da bebê, muito menos para provocar o aborto. Os exames de necropsia identificaram que o corpo era de um feto, que estava entre 35 e 37 semanas de gestação. 

“A bebê do sexo feminino tinha 48 cm e pesava 2,5 kg”, pontua o delegado Alexandre Fonseca do DHPP. “Não sabemos realmente se a mãe tomou o remédio e qual foi a dosagem. Isso só os exames toxicológicos vão dizer”, concluir.

Os investigadores descreveram, a partir do exame de necropsia, que a bebê nasceu com vida e que o cordão umbilical não estava amarrado, o que a teria levado a perder muito sangue.

Segundo o delegado, as investigações ainda vão atestar a causa da morte da recém-nascida e, se quando veio ao mundo, chegou a respirar, uma vez que pulmão e demais órgãos estavam em perfeito estado. 

“Não há qualquer sinal ou marca de violência no corpo examinado”, esclareceu o delegado Arnaldo Gomes. A PCMG trabalha com a hipótese de homicídio. 

Paternidade

No momento em que foi ouvido pelos policiais civis, o companheiro da mulher, que também é baiano, morava em outro Estado. Os policiais afirmaram que ele colocou em dúvida se era realmente o pai da criança.

Mudança de versões

O inspetor Arnaldo Gomes afirmou que a mulher deu versões contraditórias sobre o caso e, só no terceiro relato teria confessado o crime.

No primeiro e segundo, respectivamente, ela narrou que teve um aborto espontâneo e, depois, mudou de versão, contando que teria tomado um chá abortivo.

Gomes, que esteve frente a frente com a mulher na noite de quinta-feira no DHPP, alega que a ela não demonstrou arrependimento.

“Na verdade, demonstrou medo de ser presa e de ter a identidade revelada e ser morta por traficantes da região”, informou. Os policiais disseram que a suspeita não tem envolvimento com crime organizado nem antecedentes criminais. 

“Ela tinha medo, porque sabia que cometeria um crime bárbaro e repugnante”, complementou o delegado Alexandre Fonseca.  

Inocente

A Polícia Civil afirmou que a senhora que guardou por mais de um ano o corpo da recém-nascida na geladeira de casa, acreditando que era um saco de carne, é inocente.