Paleontologia

Caverna 'perdida' há mais 100 anos é redescoberta em Curvelo: entenda

Lapa de Quatro Bocas, que havia sido explorada pelo cientista Peter Lund, em 1.835, estava fora do mapa dos pesquisadores brasileiros

Por Da Redação
Publicado em 09 de abril de 2021 | 20:57
 
 
Gruta do Tatu, como atualmente é conhecida, era a Lapa de Quatro Bocas que estava "desaparecida" Foto: Divulgação/Newton Paiva

Uma caverna que estava há mais de 100 anos "perdida" foi, enfim, encontrada em Curvelo, na região Central de Minas. Os pesquisadores que fizeram o achado explicaram que a Lapa de Quatro Bocas, como havia sido batizada pelo cientista Peter Lund, em 1835, havia sumido devido às inúmeras mudanças de nome que sofreu ao longo do tempo. 

Recentemente, foi desvendado que a cavidade natural, hoje, é conhecida como Gruta do Tatu. A descoberta foi possível após comparação entre os registros do Peter Lund (1801 – 1880) e os mapas atuais da região. Um dos responsáveis pela solução do mistério foi o professor e pesquisador Luciano Emerich Faria, do Centro Universitário Newton Paiva.

"O fato de estarmos apresentando a descoberta este ano é especialmente gratificante. Afinal, trata-se da comemoração dos 220 anos do nascimento de Peter Lund. Considerado o pai da paleontologia, ele foi uma figura decisiva para a localização das mais importantes cavernas em Minas Gerais”, comemora.

No século XIX, o pesquisador dinamarquês explorou centenas de cavernas no Estado. Além disso, descobriu mais de 12 mil peças fósseis na região de Lagoa Santa. “Acredito que seja importante valorizar a atuação de cientistas de gerações passadas, pois eles abriram caminho para muitas de nossas conquistas atuais”, afirma o professor mineiro.

O achado deve ser divulgado oficialmente na próxima edição do Congresso Internacional de Espeleologia.

Ano internacional das cavernas

Com o objetivo de conscientizar a população e o poder público da importância de preservar e valorizar esses ecossistemas, 2021 foi escolhido para ser o ano internacional das cavernas. Trata-se de uma iniciativa da União Internacional de Espeleologia (UIS), organização sem fins lucrativos sediada na Eslovênia, que deve promover uma série de ações e debates ao longo do ano em diversas partes do mundo.

Tratam-se de cavidades subterrâneas formadas principalmente pela ação das águas ao longo do tempo. A preservação das cavernas é importante porque abrigam registros históricos valiosos, tais como fósseis e pinturas rupestres. Além disso, exercem papel fundamental no armazenamento da água e oferecem condições para a manutenção de espécies raras de animais.

Segundo dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Minas Gerais concentra 38,5% de todas as 16.034 cavidades naturais do país. As grutas da Lapinha, de Maquiné e Rei do Mato são algumas das mais conhecidas. Essas cavernas exercem ainda um papel importante na economia da região em que estão localizadas, considerando que muitas delas são usadas para atividades turísticas e esportivas.

Rota Lund

Criado em 2014, o percurso por onde passou o naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lund (1801-1880l) virou um produto turístico, a Rota Lund, abrangendo os municípios de Belo Horizonte, Lagoa Santa, Pedro Leopoldo, Sete Lagoas e Cordisburgo.

Integram a Rota Lund o Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, o Parque Estadual do Sumidouro, o Museu Peter Lund, a gruta da Lapinha, o cemitério Peter Lund, a gruta Rei do Mato, a gruta do Maquiné e o Museu Casa Guimarães Rosa. O circuito soma mais de 2,4 mil hectares de áreas naturais e possui 50 cavernas e 170 sítios arqueológicos.

Concessão

No último dia 2 de março, o Instituto Estadual de Florestas (IEF), que gerência as unidades de conservação da Rota Lund, publicou edital de concessão do Parque Estadual do Sumidouro, em Lagoa Santa e Pedro Leopoldo, do Monumento Natural Peter Lund, em Cordisburgo, e do Monumento Natural Gruta Rei do Mato, em Sete Lagoas. 

Também em março o consórcio Gestão Parques MG – Urbanes – B21, formado por duas empresas, também apresentou ao governo do Estado proposta para a concessão e exploração econômica de atividades ecoturísticas, visitação e serviços de gestão da rota, que ainda em análise.