PREOCUPAÇÃO

Cerca de 70 mil moradores de BH ainda não se vacinaram contra a Covid

Prefeitura diz que o problema envolve pessoas de todas idades já convocadas para a imunização até o momento

Ter, 07/12/21 - 04h00
65,6 mil vidas foram perdidas pela doença no Estado | Foto: Alex de Jesus

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Apesar da grande maioria da população de Belo Horizonte ter buscado a imunização contra a Covid-19, cerca de 70 mil moradores da capital mineira, com idade acima de 12 anos,  que já foram convocados, ainda negam a vacinação contra a doença. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (06) pela prefeitura. Se for considerada a situação de Minas Gerais, conforme a Secretaria de Estado de Saúde (SES), 1.134.742 pessoas ainda não se imunizaram. 

Em BH, para atingir pessoas antivacina, o Executivo municipal tem lançado estratégias que vão desde o convencimento e desmistificação de fake news até a expansão de pontos fixos para aplicação dos antígenos na cidade. Nesta segunda-feira, os shoppings Estação, Boulevard, Pátio Savassi, Cidade e ViaShopping Barreiro deram início aos postos de imunização que ficarão instalados em áreas fixas dos malls.

O horário de atendimento do público nesses locais será de 13h às 19h30 e poderão ser vacinadas pessoas que ainda não iniciaram o ciclo vacinal, quem está com segunda dose em atraso e os idosos e trabalhadores da saúde convocados para a aplicação de reforço. 

Na semana passada, OTEMPO mostrou que cerca de 20 milhões de brasileiros ainda não se vacinaram contra a Covid-19. O diretor de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica da PBH, Paulo Roberto Lopes, explica que a negação à vacina envolve um público em torno de 60 a 70 mil pessoas na capital. O número foi obtido a partir da diferença entre o público convocado e a população que buscou a imunização.

“É uma dificuldade porque a vacinação não é obrigatória. Mas tentamos, com todos os argumentos possíveis, sensibilizar essas pessoas para que tomem a vacina. Muitos acreditam que a vacina não tem eficácia, outros têm medo de reações”, observou. Atualmente, 74,8% da população apta para a vacinação em BH já tomou as duas doses dos imunizantes. 

Paulo Roberto esclarece que ainda não há um consenso científico sobre qual o percentual ideal de vacinação para a imunidade coletiva em relação à Covid-19. O diretor acredita que o índice para controlar a transmissão do vírus varia entre 80% e 90%. “Se houver alguns grupos resistentes à vacinação, essas pessoas poderão ficar desprotegidas e expostas e gerar uma pressão por atendimentos e internações nos sistemas de saúde”, complementou. 

Para a vacinação nos shoppings, a pessoa deve apresentar estar com documento de identidade e cartão de vacina quando for tomar a segunda dose. Para quem vai receber a primeira aplicação também é preciso levar cartão de vacina. 

Segunda dose em atraso

Além da fatia da população que não procurou a primeira dose, há ainda pessoas, entre 20 e 30 anos, com segunda dose em atraso. Segundo a PBH, são cerca de 360 mil cidadãos convocados e 20% desse público não completou o esquema vacinal ou que não tiveram o registro de imunização lançado pelo Ministério da Saúde.

Neste último caso, refere-se às pessoas que receberam a segunda dose em outros municípios. Já para quem de fato não finalizou a imunização, a aposta da prefeitura será justamente a oferta nos shoppings. 

“Percebemos que a população adulta jovem está ainda precisando melhorar a cobertura de segunda dose. É um público que frequenta muito os shoppings e a tentativa é de chamar a atenção das pessoas que estarão passando nestes locais”, reforçou Paulo Roberto Lopes. 
 
Ampliação do passaporte de vacinação está em pauta 

Outra estratégia para avançar a imunização contra a Covid-19 em Belo Horizonte é a ampliação da exigência do comprovante de vacinação para outras atividades. O chamado passaporte da vacina já é exigido, por exemplo, em jogos de futebol, shows e demais eventos sociais. De acordo com Paulo Roberto Lopes, o comitê de enfrentamento ao coronavírus em BH já estuda o uso do cartão vacinal comprovando a imunização com as duas doses para outros segmentos. 

O infectologista Carlos Starling, membro do comitê, reforçou que o assunto está em pauta com os outros médicos que integram o grupo. Porém, a decisão final caberá ao prefeito Alexandre Kalil (PSD). “Já tem uma série de obrigações, por exemplo, para participação de shows. De certa forma, Belo Horizonte já adotou o passaporte. O que pode ser feito é ampliar para outros locais como o atendimento em bares e restaurantes”, indicou. 

No radar da PBH também está a realização de abordagens domiciliares e nos pacientes que estão em consultas e demais procedimentos marcados nos centros de saúde da capital como exames e retirada de medicamentos. Neste caso, os agentes de saúde do Executivo vão orientar os cidadãos sobre a importância dos imunizantes e fazer a verificação do cartão de vacina. 

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