Sistema Paraopeba

Chuva abastece reservatórios, que atingem o maior nível em sete anos

Duas das três represas que fornecem água para a Grande BH estão com 100% da capacidade

Por Clarisse Souza
Publicado em 06 de março de 2020 | 03:00
 
 
Represa Serra Azul, que chegou a 5,2% da capacidade em 2014, está com 83,1% do volume Foto: Uarlen Valério/ O Tempo

Os reservatórios do Sistema Paraopeba, responsáveis pelo fornecimento de água a 1,8 milhão de consumidores da região metropolitana de Belo Horizonte, atingiram o maior nível desde o início de 2013. Juntas, as represas Rio Manso, em Brumadinho, Várzea das Flores, entre Betim e Contagem, e Serra Azul, em Juatuba, estão com 94,6% da capacidade total.

Enquanto as duas primeiras alcançaram nível máximo e estão extravasando pelos vertedouros, o reservatório de Serra Azul chegou, ontem, a 83,1%, maior volume desde janeiro de 2014, quando a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) passou a divulgar medições diárias. Em novembro daquele ano, a represa chegou a acumular apenas 5,2% da capacidade total durante a crise hídrica. 

A chuva atípica que atinge a região desde janeiro – em Belo Horizonte, já choveu mais de 85% do previsto para todo o ano –, é a principal responsável por alimentar os reservatórios e afastar o fantasma do desabastecimento.

Em outubro do ano passado, o governo estadual chegou a admitir o risco de racionamento diante do comprometimento da captação de água no rio Paraopeba, poluído com metais pesados após o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho. No entanto, segundo nota da Copasa, diante da grande quantidade de chuva nos últimos meses, o abastecimento está assegurado e, “até o momento, não há previsão de medidas emergenciais”.

Reserva

A abundância de água faz, inclusive, com que parte do recurso seja poupada. Com dois dos três reservatórios em capacidade máxima, a Copasa confirmou que não tem utilizado a água acumulada na represa de Serra Azul nos últimos dias, o que a deixa como uma espécie de reserva para o abastecimento dos municípios.

Além do Sistema Paraopeba, a região metropolitana é alimentada pelo Sistema Rio das Velhas, que fornece água para 2,2 milhões de pessoas. Depois de enfrentar níveis críticos em setembro de 2019, com vazão de 9,6 metros cúbicos por segundo, o manancial chegou a alcançar, na última segunda-feira, vazão de 209 metros cúbicos por segundo. 

Apesar dos dados positivos, o ex-coordenador do Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos da UFMG, Bruno Versiani, orienta que a população consuma com cautela. “Nunca se deve desperdiçar água, porque ela é um bem precioso. Ninguém garante que não possa haver uma seca muito prolongada daqui a dois meses ou três”, alerta.