Anchieta

Ciclovia é retirada de projeto

Obra estava prevista na revitalização de avenida como contrapartida de ampliação de shopping

Sex, 12/08/16 - 03h00
Proposta. Ciclovia estava prevista ao longo de 2 km da avenida Francisco Deslandes, no Anchieta | Foto: Alex de Jesus – 13.5.2016

O bairro Anchieta, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, vai ficar sem a ciclovia prevista na primeira versão da Operação Urbana Simplificada (OUS), que vai revitalizar toda a extensão da avenida Francisco Deslandes e parte da rua Pium-Í. A lei que prevê as obras de revitalização no local como contrapartida da expansão do Anchieta Garden Shopping foi publicada, nessa quinta-feira (11), no “Diário Oficial do Município” (“DOM”).

A retirada do projeto da ciclovia, que teria uma extensão de 2 km, foi feita durante a votação da proposta na Câmara dos Vereadores, após rejeição de parte dos moradores do bairro, que temiam pela redução de vagas de estacionamento e pelo estreitamento da Francisco Deslandes. Porém, a medida foi criticada por arquitetos e urbanistas. Eles acreditam que foi uma oportunidade perdida de incentivar o transporte não motorizado na capital.

A OUS manteve os demais investimentos previstos na região. Para que possa ampliar em 13% seu potencial construtivo, o Anchieta Garden Shopping terá que melhorar a iluminação de ruas do bairro, construir oito abrigos nos pontos de ônibus da Francisco Deslandes, além de integrar uma praça localizada no fim da via com o parque Julien Rien.

A iluminação é a parte mais cara do investimento e custará mais de R$ 1 milhão. A proposta é fazer o posicionamento das lâmpadas abaixo das copas das árvores com o direcionamento para a calçada, visando aumentar a visibilidade do pedestre e melhorar a sensação de segurança.

O custo total dos investimentos é de R$ 2,7 milhões. A ciclovia custaria R$ 485,7 mil. Agora, esse recurso será utilizado para a manutenção dos equipamentos construídos durante os próximos cinco anos.

O presidente da Associação dos Moradores do Bairro Anchieta, Paulo Omar, acredita que a retirada da ciclovia foi a melhor alternativa. “Como havia esse impasse, com o pessoal mais jovem favorável, mas com muita gente do bairro contrário à ciclovia, acho que a melhor solução foi essa, porque garante as principais melhorias necessárias para nossa região, que é a requalificação dos passeios para pedestres e a melhoria da iluminação”, destacou.

O Anchieta Garden Shopping informou que as contrapartidas foram definidas pela Prefeitura de Belo Horizonte e que o prazo para finalizar as obras é de 18 meses após a concessão do alvará autorizando a expansão do empreendimento.

Rejeição ocorre devido à falta de planejamento

Para o professor da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Leonardo Castriota, a rejeição da população às ciclovias é fruto da falta de planejamento ao longo dos anos na capital, que não consegue criar uma rede interligada.

“A população não consegue compreender a importância da construção da ciclovia, porque não há uma rede na cidade ligando regiões distintas, o que viabilizaria que a bicicleta fosse usada para o cidadão ir da casa para o trabalho, por exemplo”, destaca.

Castriota afirma que, com a construção de apenas trechos de ciclovias, os moradores tendem a pensar somente no imediatismo da medida, como a redução de vagas de estacionamento, e não nos benefícios que o uso da bicicleta pode gerar no transporte da cidade. (BM)