Uma semana sem parar

Com 1.400 casas em áreas de risco, BH entra em alerta após chuvas

Desde janeiro, a Urbel indicou a remoção preventiva de pelo menos cinco famílias em áreas de risco da capital

Por Letícia Fontes e Pedro Ferreira
Publicado em 24 de novembro de 2017 | 10:35
 
 
No Taquaril, muro desabou ameaçando duas casas e moradoras foram desabrigadas Foto: MARIELA GUIMARAES / O TEMPO

Em média 1.400 construções estão em áreas de risco em Belo Horizonte. Desde o início do período chuvoso, em outubro deste ano, a Defesa Civil registrou cinco ocorrências de queda de muros na capital. Pelo menos outros 67 muros estão ameaçados.

Uma das últimas ocorrências registradas pelo órgão na capital foi na noite de quarta-feira (22). Moradores de duas casas no bairro Taquaril, na região Leste de Belo Horizonte, precisaram sair de casa por conta do risco de desabamento, após a queda de um muro de arrimo na rua Teresópolis.

De acordo com a Defesa Civil, após o incidente, parte do imóvel ficou suspensa, causando risco de desabamento e colocando a moradora e a casa vizinha dos fundos em risco.

Para a geóloga da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel),Tatiana Fonseca, a falha no momento da construção da casa associada à chuva pode ter contribuído para o desastre. “Originalmente tinha uma edificação de dois pavimentos. Posteriormente foi construído um anexo no primeiro pavimento sobre um aterro. Esse escorregamento, a princípio, comprometeu o anexo”, explicou a especialista.

Sem conseguir dormir, a dona de casa Luísa Maria de Oliveira, de 63 anos, que vive em um dos imóveis interditados, não sabe o que fazer daqui em diante. A aposentada mora no local com os netos de 21 e 25 anos. “Não tem jeito de dormir, a gente fica preocupado não sabe o que pode acontecer”, desabafou. Desde janeiro, a Urbel indicou a remoção preventiva de pelo menos cinco famílias em áreas de risco da capital.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o fenômeno conhecido como Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) continua em atuação sobre todo o Estado e só começa a enfraquecer no fim de semana. 

 

Números

Do último sábado (18) até esta sexta-feira (24), a Defesa Civil da capital mineira registrou seis deslizamentos de encosta, dois escorregamentos ou deslizamentos de terra, sete ocorrências de risco de deslizamento de encosta e 13 de risco ou ameaça de escorregamentos e deslizamentos. 

Ainda de acordo com o órgão, uma das principais preocupações é com relação à queda e desabamentos parciais de muros. O período chuvoso mal começou e já foram sete desabamentos ou tombamentos de muro de arrimo e outros 74 são monitorados devido ao risco de desabamento. Durante todo o período chuvoso de 2016/2017, que foi de outubro a março, foram 86 quedas de muro e 262 sob risco de acidente. 

De sábado até esta sexta, a Defesa Civil registrou volumes de chuva que já atingem 67,5% do esperado para o mês de novembro, que é de 227,6 mm. As regionais com maior volume de chuva registrado foram a Nordeste e a Leste, ambas com 182,4 mm. O índice já alcançou 80,1% da média do mês de novembro. Em seguida aparece a regional Venda Nova, com 173,4 mm (76,2% da média). Em ordem aparecem ainda as seguintes regionais:  Centro-Sul (153,6 mm ou 67,5%); Barreiro (151 mm ou 66,3%); Norte e Oeste, ambas com 139,2 mm (61,2% da média); Pampulha com 132,8 mm (58,3%); e, por último, a regional Noroeste, com 125,4 mm (55,1%). 

De olho nos acidentes, a Defesa Civil aproveitou para orientar a população quanto a alguns cuidados a serem tomados. Confira: 

- Coloque calha no telhado
- Conserte vazamentos em reservatórios e caixas d’água
- Não jogue lixo ou entulho na encosta
- Não despeje esgoto nos barrancos

Fique atento à sinais de deslizamentos:

- Trinca nas paredes
- Água empossada no quintal
- Portas e janelas emperrando
- Rachaduras no solo
- Água minando da base do barranco
- Inclinação de cercas, muros, árvores e postes