Viola Encantada

Com atraso, começa júri de acusados de mortes em bar no São Geraldo

Serão julgados Jean Paulo Santos da Fé, de 22 anos, que ficou do lado de fora do bar dando cobertura aos atiradores, e Luciano Beiral de Oliveira, de 37, que seria o mandante do crime

Ter, 22/07/14 - 15h51

Começou com quase duas horas de atraso, na tarde desta terça-feira (22), o júri de dois suspeitos de serem o mandante e participante do atentado no bar Viola Encantada, no bairro São Geraldo, na região Leste de Belo Horizonte, que deixou quatro pessoas mortas e outros quatro feridos no dia 26 de agosto de 2012. O julgamento, que estava marcado para começar às 13h, teve início às 14h50 após atraso no translado dos suspeitos do presídio. O júri é formado por quatro homens e três mulheres. 

Em novembro do ano passado, um dos autores da chacina, Peter Gomes Moura, de 27 anos, que teve o seu processo desmembrado, foi condenado a 72 anos de prisão como executor do crime. Hoje, o júri decidirá pela condenação ou não por homicídio triplamente qualificado de Jean Paulo Santos da Fé, de 22, que ficou do lado de fora do bar dando cobertura, e de Luciano Beiral de Oliveira, de 37, que seria, conforme o Ministério Público, o mandante do crime. 

No dia do atentado, foram mortos Vitor Leonardo dos Santos Souza, de 27, que seria o alvo dos dois atiradores,  Mara Lúcia da Silva, de 28, e Cézar Augusto dos Santos Brito, de 22, que era  clientes do bar e foram vítimas de balas perdidas. Durante a fuga, o atirador Rodrigo Luiz Marques Cerqueira, de 22, trocou tiros com a polícia e acabou morto nas proximidades do estabelecimento. 

Antes do início do júri a promotora do caso, Patrícia Estrela de Oliveira Vasconcelos, que também fez a acusação do suspeito já condenado, afirmou que existem provas periciais e testemunhais do envolvimento dos acusados. "Os jurados é que julgarão de acordo com o que for apresentado. Mas a expectativa é de que eles sejam condenados, pois não há dúvidas de que sejam assassinos muito perigosos, envolvidos com o tráfico de drogas", finalizou a promotora.

Apesar das acusações, a mulher de Luciano, Karina Beiral, de 33, afirma que o marido é inocente. "Ele nem sequer estava no local do crime no dia. Estava em uma boate", limitou-se a defender a companheira do acusado. 

A primeira testemunha a ser ouvida durante o julgamento foi a irmã do Luciano, Olívia Beiral, que foi arrolada como informante pela defesa dos acusados. Em seu depoimento ao juiz, ela afirmou que Vitor, traficante morto no bar, teria matado o irmão deles, Waldir Beiral de Oliveira, em 2011. Ela também afirmou que o irmão estava em uma boate no dia do atentado e só chegou em casa às 4h, sendo que só ficaram sabendo do crime no dia seguinte pelos jornais. 

Em seguida, foi ouvido Ricardo Beiral, também irmão do acusado de ser mandante do crime e que já foi condenado por tráfico de drogas e cumpre penaem liberdade. Ele afirmou que o Vitor e o seu irmão Waldir mexiam com drogas e que por isso o seu familiar acabou morto. No dia do atentado, ele defende que estava em companhia de Luciano em uma boate na Savassi. 

Após outras testemunhas serem ouvidas, entre elas um policial que passava pelo local na hora do tiroteio, chegou a vez do réu Luciano dar seu depoimento. A promotora não fez perguntas ao réu Luciano, que respondeu perguntas apenas do advogado e do juiz. Ele também disse que estava em uma boate na hora do atentado e que não tinha nenhum desafeto com Vitor, embora soubesse do envolvimento dele na morte do irmão. 

Depois foi a vez de Jean ser ouvido, confirmando o seu depoimento à polícia e respondendo algumas perguntas dos advogados de defesa. O réu também afirmou conhecer o bar Viola Encantada, mas que nunca havia ido lá. A promotora inicia comentando que não há parentes de vítimas presentes no julgamento, uma vez que eles têm medo dos réus. Em seguida, ela citou os disparos descritos pela perícia e mostrou aos jurados as balas que os atiradores utilizaram.

Patrícia Estrela ainda contestou o álibi de Luciano e disse que não fez perguntas às testemunhas pois parentes não tem compromisso com a verdade. Ela ainda lembrou que um rapaz que poderia ter sido ouvido no julgamento tinha medo e foi assassinado essa semana. 

Relembre o caso

No dia 26 de agosto de 2012, um domingo, acontecia um show de pagode no bar Viola Encantada quando o local foi invadido por dois homens fortemente armados com uma submetralhadora espanhola e uma pistola calibre 380. A dupla foi em direção ao fundo do bar, onde estava Vítor Leonardo, que seria rival dos atiradores e alvo do atentado. 

Durante o tiroteio, dois clientes do bar acabaram atingidos e morreram e um dos atiradores acabou morto após trocar tiros com a polícia. Além deles, também foram baleados e ficaram feridos Heloá Alves de Oliveira, 22, Carlos Martins Dias, 29, Otávio Henrique Caldas, 29, e Kelly Pipper de Souza, 25.

Atualizada às 18h58

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