Região Metropolitana

Com três mortes, Nova Lima reforça vacinação contra febre amarela

Para uma maior imunização, município terá reforço neste sábado (13), com vacinações nos centros de saúde dos bairros Cascalho, Galo, Honório Bicalho, Santa Rita e, também, em Macacos e no Alphavile

Sex, 12/01/18 - 08h26

Depois da confirmação de três mortes por febre amarela em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, a população está procurando os postos de saúde na manhã desta sexta-feira (12) em busca da vacina contra a doença. A cidade é a que tem mais casos da doença até agora em Minas, que já registrou dez óbitos, seguida por Mariana (2) e Barra Longa (2), Brumadinho (1),  Carmo da Mata (1) e  Mar de Espanha (1).

A reportagem de O TEMPO está na cidade e conversou com diversas pessoas que estão com medo após as notícias. O eletricista José Luiz de Brito, de 58 anos, foi o primeiro a chegar no Centro de Saúde do bairro Cascalho. 

"Estou com muito medo, todo mundo morrendo, aí não pode facilitar. Tem que se imunizar, para não correr risco de morrer. Eu acho que já tive febre amarela, muitos anos atrás, aí vou ver como que é essa questão da vacina", disse o morador da cidade. 

Ele conta que um soldador que está fazendo alguns portões para ele teria atrasado a entrega após o filho dele morrer por febre amarela. "Quando recebi essa notícia eu já vim direto para cá, está todo mundo assombrado mesmo", conclui o eletricista. 

O aposentado Edson Martins, de 62 anos, disse que também procurou a vacinação após receber a notícia da morte de um conhecido. "Vim só prevenir, já tomei uma dose em 2009, aí vim só conferir se preciso tomar de novo. Estou me precavendo", completou. 

As vacinas contra a febre amarela estão disponíveis em todas as unidades básicas de saúde com sala de vacinação de Nova Lima.

Diante da grande procura, o município resolveu reforçar neste sábado (13) a vacinação nos centros de saúde dos bairros Cascalho, Galo, Honório Bicalho, Santa Rita e, também, no distrito de São Sebastião das Águas Claras, mais conhecido como Macacos. 

Além disso, um posto para vacinação será montado no Alphaville. A população poderá se vacinar entre 9h e 16h. 

Enquanto a população corre em busca da vacinação, a família do serralheiro Euler Teles Souza, de 41 anos, vive um clima de tristeza e medo durante o velório do homem, que morreu na manhã de quinta-feira (11) sob suspeita de febre amarela. 

O corpo da vítima é velado no Cemitério Parque Municipal, em Nova Lima. O TEMPO conversou com o pai da vítima, o também serralheiro José Roque de Souza, de 63 anos. 

FOTO: ALEX DE JESUS / O TEMPO
O velório de Euler acontece no Cemitério Parque Municipal

"Ele começou a sentir os sintomas na sexta-feira passada, dia 5. Ele internou na terça-feira (9), levamos para o Hospital do Barreiro, e lá constatou que era febre amarela. Dois dias depois ele veio a falecer. Todo mundo da família já tomou vacina", disse. 

Ainda segundo ele, a informação é que moradores de Nova Lima, Raposos e Sabará já estão impedido de doar sangue, para evitar o risco de contaminação.

 

Zona rural de Mariana está em alerta

Com dois óbitos por febre amarela confirmados na zona rural do município, a cidade de Mariana, na região Central do Estado também está em alerta nesta sexta-feira. O TEMPO conversou nesta manhã com o prefeito do município, Duarte Junior (PPS), que informou que há ainda um caso suspeito sendo analisado no município. 

"A duas mortes ocorreram em distritos muito próximos, sendo que um está a 47 km e outro a 39 km de Mariana. E o terceiro caso, que é suspeito, a pessoa passou o final do ano na cidade de Barra Longa e, no início do ano, voltou com os sintomas", explica o político. 

Segundo ele, em 2017 quase 97% da população da cidade foi vacinada e, neste ano, os postos de saúde continuam funcionando com doses da vacina. "O que está nos preocupando é que os dois óbitos são de idosos acima de 60 anos, que só podem ser vacinados com um pedido médico. Percebemos que nossa população idosa está entre os 4% que não foram vacinados", lembra Junior. 

Diante disso, a Prefeitura de Mariana já está nessas áreas rurais, batendo de porta em porta, para verificar a situação da vacinação. "Temos postos tanto no distrito de Águas Claras como em Cláudio Manoel, onde foram confirmadas as mortes. Enviamos médicos para analisar todos os casos de quem não foi vacinado e, se necessário, indicar a vacinação. Se não houver uma atitude rápida, existe o risco de outras pessoas serem contaminadas", completou o prefeito. 

Duarte Junior afirmou ainda que faria uma reunião nesta manhã para discutir o avanço da doença e, também, buscar medidas para evitar que isso afaste ainda mais os turistas que procuram a região no Carnaval. "É uma grande preocupação que esses casos prejudiquem o turismo nesta época", concluiu. 

Atualizada às 11h16

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