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Comissão irá apurar relação de estudantes em apologia ao estupro

Caso foi revelado por estudante de mestrado em direito que ficou incomodada com a atitude do grupo de jovens da engenharia

Sex, 03/10/14 - 21h05

Uma comissão será instituída, na próxima semana, pela escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), para apurar a denuncia de que universitários do curso estariam supostamente fazendo apologia ao estupro no dia 20 de setembro. O caso foi revelado pela estudante de mestrado em direito, Luísa Turbino, de 23 anos, que ficou incomodada com a atitude do grupo de jovens e relatou o acontecimento em sua página no Facebook.

A comissão será formada por dois professores e uma servidora técnico-administrativa da Escola de Engenharia e por uma docente da Faculdade de Direito. O grupo terá 30 dias, a contar da data de publicação da portaria, para chegar a uma conclusão sobre o caso.

“A comissão vai ouvir todas as partes vinculadas à UFMG com envolvimento no caso e avaliar as medidas cabíveis a serem tomadas à luz dos instrumentos de que dispõe a Universidade, como o Estatuto e o Regimento. Esse trabalho inclui definir os limites de atuação da universidade”, explica o vice-diretor da Escola de Engenharia, Cícero Starling.

Para a vice-reitora Sandra Goulart Almeida, a UFMG tem a obrigação de apurar e esclarecer o episódio, ainda que ele não tenha ocorrido em suas dependências. “Por ser um ambiente de formação e que necessariamente deve acolher a diversidade, a Instituição não pode ser conivente com situações de homofobia, racismo, sexismo e violência”, afirma a vice-reitora, ao justificar a decisão de investigar o episódio.

Entenda

Conforme a denúncia, um grupo de estudantes da UFMG foi flagrado em um bar na Savassi, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, na noite de sábado (20 de setembro), cantando: "não é estupro, é sexo surpresa", dentre outras frases sexistas.

Acompanhe o relato da denunciante na integra:

Hoje o [nome do estabelecimento onde o fato ocorreu] foi dominado por uma turma de idiotas, componentes da Bateria da Engenharia da UFMG (que vergonha!), que em coro cantavam: "Não é estupro, é sexo surpresa", dentre outras imbecilidades machistas, misóginas e homofóbicas. Mais triste ainda foi ver mulheres envolvidas na cantoria. E mais triste ainda perceber que ninguém mais se sentiu incomodado. É preciso mesmo repensar o papel da universidade, sobretudo as instituições publicas. Acho um absurdo SEM FIM uma UFMG da vida ser conivente com esse tipo de comportamento, que ocorre não somente dentro da universidade, mas muitas vezes EM NOME da universidade. Mais absurdo ainda quando a universidade indiretamente (mas não sem consciência) contribui para que esses episódios aconteçam quando, por exemplo, emprestam sua estrutura física para o "ensaio". Triste, lamentável. Confesso que não soube como agir (e talvez nenhuma reação valeria a pena diante de um bando de playboys bêbados). Mas fica no coração a esperança de que a luta jamais termine e que o futuro seja um lugar melhor.

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