Comunidade de Betim pede a beatificação de padre que seria mártir

O italiano Nazareno Lanciotti tem centenas de seguidores em cidade mineira

Publicado em 31 de maio de 2014 | 03:00

 
 
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Os brasileiros podem ganhar em breve um novo beato: padre Nazareno Lanciotti, reconhecido neste ano pela Igreja Católica como “servo de Deus”. É o que espera o morador de Betim, na região metropolitana, e técnico em enfermagem Silvanir Soares da Silva, 32, que atribui a morte do padre a um ato de sacrifício pelos irmãos.

Silva é um dos divulgadores da campanha pela beatificação do religioso, que reúne 856 fiéis na comunidade Servo de Deus Pe. Nazareno Lanciotti no Facebook. Ele conta com devoção o que acredita ser a maior prova de que Lanciotti foi, de fato, um mártir. “No dia 11 de fevereiro de 2001, um bandido invadiu a casa dele, em Jauru, no Mato Grosso, onde estavam reunidas outras nove pessoas. O suspeito disse que o trabalho do padre na comunidade incomodava muito, já que o bandido era ligado ao tráfico de drogas, e Lanciotti lutava para tirar jovens da criminalidade. O religioso levou um tiro na nuca e morreu dez dias depois no hospital”, contou o técnico.

Milagre. A técnica de enfermagem Maria da Conceição Pereira da Silva, 31, atribui o que seria um milagre a Lanciotti. “Em setembro do ano passado, fui atropelada por um ônibus, na calçada. Os médicos disseram que eu ia ficar cinco meses internada e fazer mais de dez cirurgias, mas fiz só três operações em 29 dias, sem complicações. Atribuo o milagre ao padre”, conta.

Silvanir Silva, que mostra documentos assinados pelo arcebispo Dom Walmor Oliveira de Azevedo que o certificam como divulgador da campanha de beatificação de Lanciotti, diz que o processo está em fase de reunião de documentos e espera que o Vaticano dê um parecer até o ano que vem. “O processo foi aberto em 2006, recentemente foi lacrado e segue em sigilo. Isso é um sinal de que tudo está caminhando bem. Agora esperamos o papa marcar a data de beatificação, e espero que seja com base no martírio”, conta.

Benfeitorias

Ações. Padre Lanciotti fundou a Paróquia de Jauru (MT), que atende 57 comunidades, um hospital, um asilo e um seminário, e era conhecido por fazer festas para ações beneficentes.

Religioso ensinava latim por meio de brincadeiras e orações

O técnico em enfermagem Silvanir Soares da Silva é afilhado do padre Nazareno Lanciotti e conviveu de perto com ele durante mais de dez anos. Ele conta que o padre gostava de repassar seus ensinamentos. “Quando ele chegou ao Brasil, em 1971, não falava português e ainda rezava missas em latim. Perdeu esse costume após seis anos de estada aqui, mas ainda fazia piadas e ensinava orações em latim. Eu mesmo aprendi com ele a Ave Maria no idioma”, diz.

Silva conta que Lanciotti era diretor espiritual do Movimento Sacerdotal Mariano e vinha a Minas Gerais várias vezes para orientar o trabalho do movimento e prestar apoio religioso aos irmãos. Por isso, apesar de o processo de beatificação correr pela Diocese de São Luís de Cáceres (MT), ele ganhou 35 partidários na paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Betim, além dos adeptos na comunidade virtual.

Flash

Perdão. Lanciotti teria ficado consciente durante a internação. Nesse período, de acordo com os fiéis, ele declarou perdoar o atirador e oferecer a vida a Nossa Senhora.