UFMG

Corte de verbas da educação afeta bolsa de alunos carentes 

Universidade confirma redução de 16% do custeio e 50% do investimento, mas não comenta benefícios

Por Bárbara Ferreira
Publicado em 22 de agosto de 2015 | 03:00
 
 
Obras. Na foto, moradia da UFMG; obras de novo complexo foram suspensas por tempo indeterminado LEO FONTES / O TEMPO

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) anunciou nesta sexta que o corte de R$ 9,3 bilhões no Orçamento do Ministério da Educação (MEC), em maio, vai resultar na redução de R$ 50,7 milhões em seus cofres neste ano. As perdas podem ser ainda maiores, já que a instituição ainda não sabe quanto o último corte nas contas do MEC, de R$ 1 bilhão, anunciado no fim de julho, vai impactar a UFMG. Com as perdas já contabilizadas, além da redução de 16% em custeio e 50% em investimentos anunciados pela reitoria, alunos afirmam que bolsas estão sendo afetadas.

Segundo os estudantes, eles não conseguiram renovar benefícios como auxílio para transporte e moradia – as bolsas valem por dois anos, mas, para os pagamentos continuarem, é preciso uma validação a cada semestre.

O estudante de ciências sociais Thomás Nascimento, 23, é de Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha, e conta com as bolsas para se manter na capital. “Minha família não tem condição de me ajudar. Meu pai é cego, gasta muito com remédios e tem uma renda muito pequena. Meu irmão tem financiamento estudantil, e eu conto com essa bolsa. Tenho R$ 25 na carteira, as aulas começam na segunda-feira, e não sei o que vou fazer”, revela.

Assim como ele, Arley Samuel Barroso, 22, estudante de engenharia civil, pode ter que trancar o semestre. “Fui até a assistente social para renovar a bolsa, e ela informou que por causa dos cortes de verba ninguém conseguiria renovar o benefício”, conta.

A universidade não se posicionou sobre a não renovação do benefício aos alunos carentes. Por assessoria, informou que a prioridade é manter projetos acadêmicos, de extensão e o funcionamento dos programas de ensino – juntos, eles representam gastos de R$ 30,8 milhões ao ano.

Para se adequar à perda de R$ 50,7 milhões, a UFMG informou que vai criar um fundo de reserva com R$ 2 milhões para atender emergencialmente os cursos de pós-graduação, que sofreram corte de 75% de verba em julho. Demandas emergenciais da graduação também serão analisadas.

Sobre os cortes, a UFMG só informou os percentuais de 16% de custeio e 50% de investimentos. Questionada sobre mais detalhes, a assessoria disse apenas que as obras da instituição estão entre as afetadas. Uma das prejudicadas é a ampliação das moradias, que ficará paralisada por tempo indeterminado.

Ato
Na terça-feira
. Alunos da UFMG planejam fazer uma manifestação na porta da reitoria, no campus da Pampulha, na próxima terça-feira, contra os cortes de bolsas de estudantes carentes.

Governo pode subir reajuste para por fim a greve de técnicos

Além da crise financeira nas universidades federais, a maioria das instituições em Minas passa por uma greve que já dura mais de dois meses e chegou a atrasar o início das aulas. Os servidores técnico-administrativos reivindicam reajuste salarial e redução da jornada de trabalho. De acordo com a Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas (Fasubra), o Ministério do Planejamento se comprometeu a apresentar uma nova proposta na segunda-feira, o que pode acabar com a paralisação.

A pasta teria sinalizado que pretende reduzir o tempo para pagar o reajuste e também que deverá aumentar o índice, mas a proposta ainda precisa ser aprovada pela presidente Dilma Rousseff. A classe reivindica aumento salarial de 27,3%. A proposta anterior do governo foi de aumento de 21%, mas dividido em quatro anos, e foi negada pela classe. A expectativa é que eles reduzam esse tempo para pelo menos dois anos e aumentem o valor oferecido.

Xeque-mate. Ainda conforme a federação, os representantes do ministério informaram que essa será a última proposta e que eles terão até o fim de agosto para encerrar as negociações.

Os representantes do ministério devem se reunir neste domingo com a presidente para discutir a proposta.

O auxílio da Fump

Critérios
. A Fundação Mendes Pimentel (Fump), de assistência estudantil da UFMG, oferece ajuda para alunos de baixa renda. O objetivo é dar oportunidade para eles se manterem na universidade. Para conceder as bolsas, assistentes sociais avaliam a renda familiar, o número de pessoas na família, além de sua escolaridade e bens. Os bolsistas são divididos em três categorias, sendo a de número 1 para os mais carentes. O benefício vale por dois anos e precisa ser renovado a cada semestre.

Bolsas. As bolsas são para transporte, de R$ 140, moradia, que pode chegar a R$ 500, educação pré-escolar, de R$ 200 por filho, e de material didático, de até R$ 400.

BH. As duas moradias oferecem 632 vagas, todas ocupadas. A que teve a obra paralisada teria mais 386.

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