Alerta

Covid: ômicron está em quase todos os resultados positivos no Brasil

Hermes Pardini e pesquisadores da UFMG analisaram 208.450 testes de Covid-19 e descobriram a predominância da variante inclusive em Minas Gerais

Sex, 21/01/22 - 10h58
Levantamento encontrou sinais da ômicron em testes de novembro deste ano, antes da detecção oficial da variante no Brasil | Foto: Pexels

Menos de dois meses após ter sido detectada no Brasil pela primeira vez, a variante ômicron do coronavírus é encontrada em praticamente todos os resultados positivos de testes de Covid-19 no país. Uma análise dos laboratórios Hermes Pardini com pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que, em seis semanas, a variante está presente em cerca de 97% dos testes positivos. 

O levantamento analisou 208.480 amostras de testes de novembro de 2021 à primeira semana deste ano. Em novembro, a ômicron respondia por menos de 3,5% dos casos positivos, subindo para 67,5% em dezembro e, por fim, aproximando-se dos 100% neste mês. Em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, a identificação da variante supera até a nacional. No total, a variante predomina em 13 Estados brasileiros. 

Os primeiros casos de Covid-19 causados pela variante foram confirmados no final de novembro no Brasil, inicialmente em São Paulo, porém o levantamento sugere que a variante já circulava antes no país, dadas as amostras positivas encontradas ainda naquele mês — inclusive em Minas, onde quase 4% dos testes tinham traços da variante. 

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“A entrada da variante pode ter acontecido antes de termos encontrado os casos propriamente ditos. Até então, estávamos um pouco relutantes em dizer que os novos casos são devido apenas à ômicron, mas, pelo menos nas capitais e nos grandes centros, locais mais amostrados, muito provavelmente é só ela que está circulando. Isso ajuda a entender a mudança que estamos vendo na pandemia”, explica o professor Renan Pedra, pesquisador da UFMG e um dos autores do levantamento. 

Ao mesmo tempo em que a proporção da variante aumentou, a taxa de positividade dos exames, nacionalmente, também subiu nos laboratórios Hermes Pardini. Em novembro, ela era de 5,3%. Dois meses depois, aumentou quase seis vezes e chegou a 31,3%, considerando apenas a primeira semana de janeiro. 

O vice-presidente da empresa, Alessandro Ferreira, destaca que os dados apontam um caminho de alta de infecções pela frente, como já se vê nos números de novos casos registrados em Minas e no Brasil. “Enquanto as outras cepas demoraram 20 semanas para alcançar 100% dos infectados, a ômicron demorou seis semanas, praticamente um quarto do tempo que as outras cepas, o que mostra o poder de contaminação e o perigo que se tem ainda por vir. Ele dá o retrato do passado e aponta uma tendência muito pessimista”, elabora.

Com base na trajetória da variante em outros países, pesquisadores estimam que a onda de infecções possa começa a decair em fevereiro. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) confirmou o conhecimento do estudo e destacou que 273 casos de infecção pelo ômicron foram oficialmente registrados no Estado, além de 24 casos em investigação. “Até o momento, todos os casos investigados apresentaram quadros leves da doença, não havendo necessidade de internação hospitalar, com isolamento domiciliar”, destacou, por meio de nota. A secretaria também mantém vigilância genômica para rastrear a presença das variantes no Estado. 

O estudo foi conduzido pelo setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) do Instituto Hermes Pardini (HP) em colaboração com o Laboratório de Biologia Integrativa (LBI) da UFMG, Rede Vírus-MCTI e Rede Corona-Ômica BR-MCTI. 

Esta matéria está em atualização.

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