Andradas

Criança de 1 ano que teria sido espancada doa rins após morte cerebral

Órgãos foram para um paciente no Rio Grande do Sul; polícia investiga se os pais realmente agrediram a menina

Por JOSÉ VÍTOR CAMILO
Publicado em 29 de setembro de 2014 | 15:25
 
 

Após a confirmação da morte cerebral da garotinha de 1 ano e 5 meses que estava internada há 15 dias sob suspeita de ter sido espancada pelos pais, em Andradas, no Sul do Estado, o MG Transplantes fez a retirada de seus rins, que foram doados para um paciente no Rio Grande do Sul. A morte foi confirmada na última sexta-feira (26), após dois exames clínicos feitos em um intervalo de 12h.

A garotinha foi transferida no dia 12 de setembro ao Hospital Alzira Velano, em Alfenas, na mesma região, após ser levada pelos pais à Santa Casa da cidade com traumatismo craniano e várias escoriações em todo o corpo. Os pais da menina alegam que três dias antes ela caiu de um lugar e se enroscou em um arame farpado.

Por conta dos sintomas, a Polícia Militar (PM) foi acionada e fez um Boletim de Ocorrência. Desde então o caso é investigado pelo delegado Fabiano Roberto Mazzaratto Gonçalves, da Delegacia de Andradas. Entretanto, por se tratar de um caso ainda não comprovado, o policial preferiu não conceder entrevistas e nem expor os suspeitos.

Apesar disso, o delegado confirmou que os pais já foram ouvidos e negaram as agressões. Testemunhas também já prestaram depoimento. Agora, com a morte da criança, a Polícia Civil aguarda o laudo da necrópsia para tentar confirmar se houve ou não espancamento.

O transplante

Segundo o MG Transplantes de Pouso Alegre, existe um protocolo em caso de morte encefálica em caso de crianças de 1 a 2 anos e, por isso, foram feitos dois eletroencefalogramas com um intervalo de 12h entre eles.

Primeiramente, todos os órgãos da criança, de menos as córneas (que não podem ser doadas por pessoas com menos de 2 anos, foram oferecidas para o Sul de Minas Gerais. Como não foi encontrado nenhum paciente compatível na região, os órgãos foram oferecidos em todo o Estado e, por fim, sem encontrar receptores, eles foram colocados na Central Nacional de Transplante.

Cada órgão resiste um tempo determinado sem receber sangue, o coração perdura por apenas 4h, o fígado são 12h, enquanto os rins resistem por um dia inteiro. Infelizmente, os órgãos da garota, que estavam ótimos, ainda segundo o MG Transplantes, não encontraram receptores, até mesmo por conta da idade.

Após a retirada dos órgãos, o motorista levou os rins até o aeroporto de Campinas, em São Paulo, e eles foram de avião até o Rio Grande do Sul. A identidade do receptor não pode ser divulgada, ainda segundo o órgão.