Após assédios

DCE da PUC oferece aulas de defesa pessoal para as alunas

O objetivo é ensinar técnicas que as ajudem em situações de perigo; somente na primeira hora de inscrição, aberta nesta sexta-feira (24), mais de 50 alunas demonstraram interesse

Por Rafaela Mansur
Publicado em 24 de março de 2017 | 23:00
 
 
PUC diz que demissões são comuns no fim de semestre Rafaela Mansur/webrepórter

Após os diversos relatos de assédios contra mulheres nas proximidades da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC), o Diretório Central dos Estudantes (DCE) vai oferecer aulas de defesa pessoal para as universitárias. O objetivo é ensinar técnicas que as ajudem em situações de perigo. As inscrições foram abertas nesta sexta-feira (24), e, só na primeira hora, mais de 50 alunas demonstraram interesse.

“A maioria estuda à noite e tem que sair sozinha por volta das 22h30. É muito perigoso”, afirmou a coordenadora de Mulheres do DCE, Melanie Leite. As aulas serão ministradas por uma ex-aluna da PUC.

"O assédio verbal sempre aconteceu, mas ultimamente têm ocorrido casos físicos e tentativas de estupro. Todos os dias há relatos novos”, disse. Segundo Melanie, o DCE vai se reunir com a reitoria para buscar mais policiamento e organizar uma palestra sobre o lugar da mulher, para evitar assédio no campus.

Os relatos

Uma estudante de jornalismo de 19 anos foi assediada e atacada por um homem nos arredores do campus Coração Eucarístico quando saía da aula na manhã da última segunda-feira (20).O suspeito perseguiu a jovem pela rua Coração Eucarístico de Jesus, que liga a instituição de ensino à avenida Presidente Juscelino Kubitschek, onde ela pegaria um ônibus para voltar para casa. No meio do percurso, ela percebeu que estava sendo perseguida por um homem que a chamava de “gostosa”.

“Ele me assediou verbalmente, mas não achei que era comigo. Quando percebi o que estava acontecendo, ele agarrou o meu braço e deixou marcas. Fico roxo. Eu saí correndo e entrei em uma farmácia ali perto. Duas pessoas me ajudaram, prestaram socorro. Esse cara entrou em um carro e desapareceu”, relembra a universitária.

O medo da jovem ficou ainda maior quando ela escutou, ao longo desta semana, relatos semelhantes pelas redes sociais. Em um áudio que circulou pelo WhatsApp, uma aluna disse que estava saindo da aula e seguia pela avenida Trinta e Um de Março, quando viu um homem fazendo gestos obscenos. “Quando passei, ele veio para cima de mim, tentou me agarrar, me beijar, me tocar, só que eu saí correndo e ele não conseguiu. É a pior sensação que já tive na minha vida”, diz.