Por causa das chuvas

Dilma dará cartão ilimitado a cidades mineiras em emergência

Em visita a Governador Valadares, presidente não disse qual será o valor repassado aos 34 municípios; cartão terá uso controlado

Por LARISSA ARANTES e RAÍSSA MACIEL
Publicado em 27 de dezembro de 2013 | 12:59
 
 

Logo após a confirmação de que Minas registrou mais duas mortes em razão das chuvas, ambas em Virgolândia, no Vale do Rio Doce, a presidente Dilma Rousseff encerrou uma reunião com prefeitos da região e anunciou que todas as 34 cidades mineiras que decretaram situação de emergência por causa das chuvas receberão um cartão emergencial com verba ilimitada para auxiliar as vítimas dos desastres naturais. 

Com o Cartão de Pagamento de Defesa Civil (CPDC), a prefeitura pode gastar ajudando famílias desabrigadas e desalojadas, comprando medicamentos e itens necessários à manutenção dos centros de apoio, fazendo a limpeza da cidade, contratando caminhões etc. Para isso, não há necessidade de convênio e assinatura de documentação com o governo federal. A presidente ressaltou, porém, que o uso desses cartões será controlado, e as prefeituras terão de fazer relatórios de gastos. "Numa emergência, não dá para liberar recursos pelos canais normais. Por isso criamos o 'cartão desastre' para superar a burocracia", disse Dilma em entrevista no aeroporto de Governador Valadares.

Na manhã desta sexta-feira, Dilma sobrevoou Governador Valadares e a vizinha Virgolândia, ambas no Vale do Rio Doce, acompanhada pelo governador Antonio Anastasia e por três ministros (da Integração Nacional, Francisco Teixeira; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel; e da Saúde, Alexandre Padilha). Sobre o que viu em Virgolândia, declarou que ficou impressionada. “A imagem que eu tive foi muito impactante. É sorte da cidade não ter um rio passando por ela”, afirmou, destacando que a característica da topografia amenizou a possibilidade de um desastre ainda maior.

O governador Antonio Anastasia, que já havia sobrevoado a região nessa quinta-feira (26), determinou que a Defesa Civil de Minas crie uma unidade em Governador Valadares, que vai funcionar na Região Integrada de Segurança Pública (Risp), e será o posto de atendimento para os municípios da região que precisam se cadastrar para receber o CPDC. “Os municípios que não têm o cartão devem fazê-lo. É a forma de eles receberem os recursos”. E completou: “Num segundo momento, passadas as urgências, vamos identificar com as cidades quais são as necessidades de reconstrução. Aí enviaremos os projetos ao governo federal. São intervenções como asfaltamento, reconstrução de pontes, ruas, residências”. 

Número de mortes pode aumentar
O número de vítimas das chuvas em Minas subiu para 20 nesta sexta-feira com a confirmação de dois óbitos em Virgolândia. Os corpos de dois homens que foram levados pela enxurrada causada pela chuva dessa quinta-feira (26) foram encontrados.

Mas o registro de mortes pode aumentar. A Prefeitura de Virgolândia não confirma quantas pessoas são, mas sabe-se que há desaparecidos na cidade. Além disso, também nessa quinta, em São João de Manteninha, na mesma região, o corpo de um homem que se afogou em um rio foi encontrado, mas a Defesa Civil do Estado ainda não confirma a morte como tendo sido causada pelas chuvas.

Segundo o governo do Estado,este período chuvoso já deixou quase 10 mil pessoas fora de suas casas. A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) contabiliza 6.959 desalojados e 2.460 desabrigados em todo o Estado, além de 229 obras de infraestrutura danificadas e 112 destruídas.

Solução para o rio Doce

Durante o sobrevoo da região, o governador Anastasia conversou com Dilma Rousseff sobre a necessidade de um projeto para dragagem do Rio Doce. “Eu não sou especialista, mas basta observar o histórico. O rio Doce é muito caudaloso e era muito profundo. Com o passar das décadas, ele perdeu a profundidade e também a quantidade de água, então ficou um rio raso. Quando vêm as chuvas, que aumentaram de intensidade num período só, não tem mais a calha para receber aquela chuva. A solução seria desassorear, fazendo a dragagem do rio. É um projeto imenso e eu mostrava isso (à presidente). Tenho certeza que o governo federal vai acolher essa ideia”, afirmou.