Balanço

Do total de roubos em Belo Horizonte, quase metade são no hipercentro

Levantamento inédito regionaliza índices de violência; cidade tem oito zonas mais visadas por ladrões

Qui, 09/07/15 - 10h02

O pedestre que circula no entorno das praças Sete, da Rodoviária e da Estação é o principal alvo de ladrões em Belo Horizonte. A arma de fogo e os objetos cortantes respondem por metade dos objetos usados por esses criminosos para ameaçar suas vítimas. É esse o cenário revelado pelo primeiro Diagnóstico de Incidência de Roubos em Belo Horizonte, divulgado nesta quinta pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds).

Essa é a primeira vez em que dados com algum tipo de regionalização são divulgados pelo Estado. No relatório não há números absolutos nem comparação com períodos anteriores ao contabilizado (janeiro de 2014 a maio de 2015), mas lá estão expostas as chamadas Zonas Quentes de Criminalidade (ZQC), onde os crimes acontecem com mais frequência na cidade.

No hipercentro e nas demais oito zonas, o pedestre é o principal alvo dos criminosos, e a arma de fogo é o meio de intimidação das vítimas mais comumente usado. No caso do centro, onde 9,5% dos crimes da cidade são registrados, a intensa movimentação de pessoas atrai os criminosos, e a presença constante de policiais e a vigilância das câmeras do Olho Vivo parecem não intimidar. Lá, os pedestres são vítimas de 73% dos casos. A arma de fogo é usada em 25% dos crimes, e os objetos cortantes, em 24%.

Enquanto a vigilância oficial não dá conta de inibir os ladrões, aqueles que por ali circulam testemunham diariamente a destreza dos criminosos. “Eles gostam de pegar cordão de ouro e celular. Já vi mulher de salto e unha vermelha enfiar a mão na bolsa de uma distraída e depois ainda avisar (a vítima) para fechar a bolsa”, contou Maria Augusta Rodrigues, 52, que ganha a vida há dez anos vendendo carregador de celular na região. O segurança da loja, o taxista do ponto, a pipoqueira e até mesmo um policial militar repetem o discurso da ambulante sobre a fama da região.

“O cara arrancou meu colar quando eu estava subindo no ônibus. Foi tão rápido que nem deu para ver quem foi”, disse a estudante Larissa de Assis, 20. Para não ser novamente vítima de roubo, o universitário Lucas Leite Martins, 20, não escuta mais a música no celular que deixava a volta para casa mais leve. “Depois que fui roubado, fico tenso e de olho em todos que podem ser suspeitos”.

Território. As oito zonas quentes delimitadas pela Seds correspondem a 6,1% do território de Belo Horizonte.

A capital concentra 36% dos roubos do Estado e ocupa 5,6% de seu território, além de abrigar 11,5% de sua população.

Saiba mais

Transparência
. A Seds até então só tornava públicas as ocorrências criminais de forma geral no Estado, apesar da demanda por estatísticas específicas. No relatório há roubos tentados e consumados.

Comparativo. O Diagnóstico de Incidência de Roubos em Belo Horizonte, divulgado nesta quinta, concluiu que as zonas quentes Hipercentro, avenida Nossa Senhora do Carmo e Minas Shopping mantiveram incidência de média para alta neste ano e no ano passado. As demais ZQC’s apresentaram queda na concentração de 2014 para 2015 – dados absolutos não foram divulgados.

Atualizada às 23h00

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Secretaria de Estado de Defesa Social