Hideojonas Cezar Amorim, de 47 anos, era pintor residencial. Estava indo buscar os exames da mãe quando sofreu um aneurisma. Ele caiu bem ali, no meio da rua e foi vítima de uma hemorragia intracraniana provocada pela queda.
No Hospital Municipal de Contagem a família de Hideojonas autorizou a doação de órgãos. O irmão mais novo do doador, o empresário, Flávio Cezar Amorim, de 33 anos, explicou que a tomada de decisão foi simples. “Nós já temos o costume de conversar entre a gente e a opinião é unanime. Se temos a condição de fazer a doação, por que não? Somos todos filhos do mesmo Pai, que é Deus. Então se temos condições de ajudar um irmão não tem porque não fazer”, disse.
Nesta sexta-feira (30) a Comissão Intra-hospitalar de Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos (CIHDOTT), do Hospital Municipal de Contagem, realizou a captação de múltiplos órgãos do doador com a equipe de extração do MG Transplantes.
Segundo a Dra Cláudia Sueli da Rocha, médica responsável técnica e coordenadora da CIHDOTT, com o gesto solidário da família, de seis a sete pessoas poderão ser beneficiadas. “O corpo tem um tempo de vida é perecível mas pode dar vida à muitas pessoas. Doar órgãos é um dos atos mais humanitários mais importantes, é permitir que outra pessoa viva”, afirmou a médica.
A profissional esclarece também que a captação de órgãos é um processo complexo, que segue várias diretrizes e só é iniciado a partir do momento em que acontece a perda completa e irreversível das funções do encéfalo, ou seja, quando as células nervosas estão sendo rapidamente destruídas, o que é irreversível.
Em 2019, o HMC fez a captação de três doadores de múltiplos órgãos (rins, córneas, fígado, pâncreas) e 13 casos de doações de tecidos oculares. Nesta sexta-feira, foram captados pulmões, coração, rins, pâncreas, fígado e córneas.
A médica, Dra Cláudia Sueli da Rocha, explica que regularmente são feitas capacitações na unidade IGH (Instituto de Gestão e Humanização) para que os colaboradores do hospital entendam sobre as etapas e protocolos a serem seguidos nos casos de morte encefálica.
Segundo a profissional, “Abordar famílias que estão sofrendo exige carinho, respeito, compreensão. Até o fechamento do protocolo as famílias que disseram não pode mudar de ideia e nos procurar para que a vítima se torne uma doadora”.
No Hospital Municipal de Contagem, o esforço para a captação de órgãos se manteve estável mesmo dentro da gravidade da pandemia da Covid-19, ao contrário do que ocorreu em outros estados, que chegaram a interromper os transplantes.
O transplante é um dos maiores avanços de tratamento já descoberto pela medicina, “porém é um procedimento que depende diretamente da população. É preciso haver doador, por isso é muito importante que todos conversem sobre o assunto, esclareçam as dúvidas e deixem claro para a família o desejo de ser um doador”, completa Dra Claudia.
Procedimento
A doação de órgão é feita mediante autorização por escrita dos familiares. Todas essas atividades são acompanhadas pela CIHDOTT que repassa constantemente as informações para o MG Transplante. Durante esse processo, a equipe multidisciplinar do CTI permanece assistindo ao paciente para que os órgãos continuem estáveis.
Segundo a coordenadora da CIHDOTT “Após a retirada dos órgãos pela equipe de extração em no máximo em uma duas horas eles devem estar no destino. Nós contamos com acondicionamento adequado e o MG Transplantes cuida para que toda a rede, inclusive a de transporte por terra ou aéreo esteja pronta para entrar em ação e siga a fila dos receptores dos órgãos corretamente” conclui.