Humanidade

Doador de órgãos salva sete vidas

Família do homem de 47 anos, que foi vítima de hemorragia intracraniana, autorizou a doação. Com o gesto solidário da família, seis a sete pessoas poderão ser beneficiadas.

Por Isabella Melano
Publicado em 30 de outubro de 2020 | 16:23
 
 
Médicos seguem protocolos para a extração dos órgãos

Hideojonas Cezar Amorim, de 47 anos, era pintor residencial. Estava indo buscar os exames da mãe quando sofreu um aneurisma. Ele caiu bem ali, no meio da rua e foi vítima de uma hemorragia intracraniana provocada pela queda.

No Hospital Municipal de Contagem a família de Hideojonas autorizou a doação de órgãos. O irmão mais novo do doador, o empresário, Flávio Cezar Amorim, de 33 anos, explicou que a tomada de decisão foi simples.  “Nós já temos o costume de conversar entre a gente e a opinião é unanime. Se temos a condição de fazer a doação, por que não? Somos todos filhos do mesmo Pai, que é Deus. Então se temos condições de ajudar um irmão não tem porque não fazer”, disse.

Nesta sexta-feira (30)  a Comissão Intra-hospitalar de Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos (CIHDOTT), do Hospital Municipal de Contagem, realizou a captação de múltiplos órgãos do doador com a equipe de extração do MG Transplantes.

Segundo a Dra Cláudia Sueli da Rocha, médica responsável técnica e coordenadora da CIHDOTT,  com o gesto solidário da família, de seis a sete pessoas poderão ser beneficiadas. “O corpo tem um tempo de vida é perecível mas pode dar vida à muitas pessoas. Doar órgãos é um dos atos mais humanitários mais importantes, é permitir que outra pessoa viva”, afirmou a médica.

A profissional esclarece também que a captação de órgãos é um processo complexo, que segue várias diretrizes e só é iniciado a partir do momento em que acontece a perda completa e irreversível das funções do encéfalo, ou seja, quando as células nervosas estão sendo rapidamente destruídas, o que é irreversível.

Em 2019, o HMC fez a captação de três doadores de múltiplos órgãos (rins, córneas, fígado, pâncreas) e 13 casos de doações de tecidos oculares. Nesta sexta-feira, foram captados pulmões, coração, rins, pâncreas, fígado e córneas.

A médica, Dra Cláudia Sueli da Rocha, explica que  regularmente são feitas capacitações na unidade IGH (Instituto de Gestão e Humanização) para que os colaboradores do hospital entendam sobre as etapas e protocolos a serem seguidos nos casos de morte encefálica.

Segundo a profissional, “Abordar famílias que estão sofrendo exige carinho, respeito, compreensão. Até o fechamento do protocolo as famílias que disseram não pode mudar de ideia e nos procurar para que a vítima se torne uma doadora”.

No Hospital Municipal de Contagem,  o esforço para a captação de órgãos se manteve estável mesmo dentro da gravidade da pandemia da Covid-19, ao contrário do que ocorreu em outros estados, que chegaram a interromper os transplantes.

O transplante é um dos maiores avanços de tratamento já descoberto pela medicina, “porém é um procedimento que depende diretamente da população. É preciso haver doador, por isso é muito importante que todos conversem sobre o assunto, esclareçam as dúvidas e deixem claro para a família o desejo de ser um doador”, completa Dra Claudia. 

Procedimento

A doação de órgão é feita mediante autorização por escrita dos familiares. Todas essas atividades são acompanhadas pela CIHDOTT que repassa constantemente as informações para o MG Transplante. Durante esse processo, a equipe multidisciplinar do CTI permanece assistindo ao paciente para que os órgãos continuem estáveis. 

Segundo a  coordenadora da CIHDOTT “Após a retirada dos órgãos pela equipe de extração em no máximo em uma duas horas eles devem estar no destino. Nós contamos com acondicionamento adequado e o MG Transplantes cuida para que toda a rede, inclusive a de transporte por terra ou aéreo esteja pronta para entrar em ação e siga a fila dos receptores dos órgãos corretamente” conclui.