ENTREVISTA

'Ela tinha me dito que ia voltar outra pessoa, melhor do que foi'

A comerciante de Belo Horizonte Sylvia Nascimento Antônio recebeu um último telefonema da filha, Simone Nascimento Antônio, de 38 anos, no sábado; desde então, ela não tem notícias

Seg, 27/04/15 - 20h24

A comerciante de Belo Horizonte Sylvia Nascimento Antônio recebeu um último telefonema da filha, Simone Nascimento Antônio, de 38 anos, que estava no Nepal, no sábado (25); desde então, ela não teve mais notícias. Ela teme pela segurança da filha, no país onde mais de 4.000 pessoas morreram após um grave terremoto.

Leia a entrevista que a reportagem de O TEMPO fez com Sylvia:

O TEMPO - Quando sua filha fez o último contato por telefone, no sábado, como ela estava?

Sylvia - Ela estava muito agoniada, em choque, porque alguns colegas estavam feridos, um tinha quebrado a perna e ela precisava ajudar. Disse que na hora do terremoto só teve tempo de sair correndo e que amigos jogaram um casaco em cima dela. Ela disse que estava socorrendo uma criança de três anos que estava cheia de poeira de 3 anos nos braços e que ia aproveitar que ainda tinha internet para tranquilizar alguns amigos assustados que sabiam que ela estava no Nepal.

O TEMPO - A senhora não acha que ela pode estar ajudando essas pessoas?

Sylvia - Ela pode estar envolvida ajudando, mas a minha preocupação é porque ela sabe como estou aqui, sabe que estou agoniada, ainda mais depois do segundo terremoto. O que me preocupa é que a Simone tem muito expediente. Ela já morou na Inglaterra, se formou na Itália, então ela sabe da preocupação que eu tenho com ela. Por isso, acredito que ela ia dar um jeito de arranjar como se comunicar. Ela já teria ido até a Embaixada de qualquer maneira para pedir para mandarem um recado para o Brasil, passar meu telefone e falar que está bem.

O TEMPO - O que ela te contava da viagem?

Sylvia - Tem pouco tempo que ela foi. Ela estava na Índia e de lá foi para o Nepal. Ela adora os templos e como ela é estilista, ela estava pensando em fazer confecção lá. Ela foi sozinha para o Nepal, mas ela conhecia algumas pessoas de lá. Ela fala várias línguas e tinha contato com várias pessoas de lá.

O TEMPO - Conhecer o país era um sonho dela?

Sylvia - Sim. Ela estava apaixonada com os templos, a meditação, deslumbrada com tudo isso. Era um sonho dela conhecer o país. Ela tinha me dito que ia voltar outra pessoa, muito melhor do que foi.

O TEMPO - Você pensa em ir pra lá?

Sylvia - Não tem como ir. A única coisa que posso fazer é esperar, e esperar que as pessoas entrem em contato. Minha esperança agora é só orar e aguardar, porque tudo que tinha que ser feito já fizemos.

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