A Taquaril Mineração S.A, empresa que pretende explorar uma área da Serra Curral, tem como um de seus donos a construtora Cowan S.A, empresa que fez o viaduto que desabou em 2014, na avenida Pedro I.
No estudo de impacto ambiental apresentado em 2014 estão os detalhes sobre a Tamisa, empresa que está à frente do projeto de mineração na região da Serra do Curral. “As sociedades que compõem o quadro societário da Taquaril Mineração fazem parte de grupos econômicos de importância para o setor de construção civil pesada e de mineração/siderurgia em Minas Gerais, que sejam Construtora Cowan S.A e AVG Mineração”, diz o documento.
O estudo traz ainda mais detalhes sobre a empresa: “A Taquaril Mineração S.A, sociedade anônima fechada com sede em Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, foi constituída em 30 de junho de 2010, com registro na junta comercial de Minas Gerais e, em 23 de agosto do mesmo ano, a sociedade foi transformada em sociedade anônima fechada. A constituição da Taquaril Mineração S.A. tem como objetivo a implantação de projeto global de mineração de minério de ferro na região da Serra do Taquaril, localizada nos municípios de Nova Lima e Sabará”, diz o documento apresentado pela empresa há oito anos.
As informações sobre os donos da empresa e empresas que participam do projeto foram retiradas do estudo de impacto ambiental mais recente, apresentado no final de 2019. No entanto, em um trecho do Parecer Único do Complexo Minerário, elaborado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, a construtora voltou a aparecer.
“O consumo de água da fase 1 do projeto foi estimado em 36 metros cúbicos. Para atender a essa demanda, o empreendedor deverá usar um poço subterrâneo para realizar a captação. O poço a ser utilizado é de propriedade da empresa Cowan, que através de um contrato de cessão, concede o uso da água para a Taquaril”, diz o parecer.
Os sócios da Taquaril Mineração S.A, de acordo com dados da Receita Federal obtidos pela reportagem, são Guilherme Augusto Gonçalves Machado e Cristiano Pinto Caetano da Cruz. O advogado Guilherme Augusto representa a construtora Cowan em mais de 20 processos, sendo pelo menos 14 deles ligados à queda do viaduto Batalha dos Guararapes.
A reportagem entrou em contato com a Tamisa e com a construtora Cowan para que os sócios expliquem a relação entre as duas empresas, mas nenhuma das duas empresas quis se manifestar. A reportagem também entrou em contato com a AVG Mineradora, mas não obteve retorno.
Na madrugada do sábado (30), a Tamisa obteve aprovação do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), por oito votos a quatro, para continuar com o empreendimento na Serra do Curral. A autorização gerou repercussão entre políticos e ambientalistas, que questionam os riscos causados ao principal símbolo da capital mineira.
Queda do Viaduto
No dia 3 de julho de 2014, um das alças do viaduto Batalha dos Guararapes, na avenida Pedro I, no bairro Planalto, desabou sobre um micro–ônibus e um carrro que passavam pelo local. A motorista do micro-ônibus Hanna Cristina dos Santos, de 25 anos, e o motorista de um carro de passeio, Charlys do Nascimento, de 24 anos, morreram esmagados no local. Outros 23 passageiros do micro-ônibus ficaram feridos.
As investigações da Polícia Civil apontaram que a Cowan, empresa responsável pela obra, desprezou normas mínimas de segurança e que já haviam sido constatadas falhas no escoramento da construção.
Em dezembro de 2020, seis engenheiros foram condenados pela queda do viaduto, em decisão da 11º Vara Criminal de Belo Horizonte. Foram considerados culpados diretores e coordenadores técnicos das construtoras Cowan S.A e Consol Engenheiros, além de supervisores da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), órgão responsável pelo setor de obras na capital.
Segundo a denúncia do Ministério Público, vários fatores levaram ao desabamento do viaduto Batalha dos Guararapes, com erros e omissões grosseiras, além de negligência e urgência desmedida por causa da aproximação da Copa do Mundo, evento que estava em andamento e tinha BH como uma das cidades-sede.