Intoxicação por monóxido de carbono — descrito como “gás invisível” — é a principal suspeita sobre a causa da morte de quatro mineiros encontrados sem vida dentro de um carro da montadora BMW, em Balneário Camboriú, no litoral Norte de Santa Catarina, nesta segunda-feira (1º de janeiro). O grupo viveu em Paracatu, no Noroeste de Minas Gerais.

Segundo o delegado Bruno Effori, responsável pela investigação, informações preliminares indicam que ocorreu um “vazamento entre o motor e o painel do veículo”, o que causou nas vítimas intoxicações por monóxido de carbono. Eles estavam dentro do carro, com o ar-condicionado ligado, quando morreram.

Uma testemunha relatou que as vítimas, antes de morrerem, sofreram com ânsia de vômito e tontura. Os sintomas condizem com uma intoxicação pelo gás, conforme a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). Dor de cabeça, sonolência e confusão também são sintomas comuns, alerta a entidade.

'Vítima não percebe o que está acontecendo'

Por ser uma substância incolor e inodoro — um gás "invisível" —, a intoxicação pelo monóxido de carbono é silenciosa. "A vítima não percebe o que está acontecendo", explica o toxicologista e patologista Álvaro Pulchinelli, da SBPT.

A intoxicação ocorre da seguinte forma: as moléculas de monóxido de carbono se ligam à hemoglobina (responsável pelo transporte de oxigênio do pulmão para os tecidos do corpo). Com isso, a circulação de ar é prejudicada, fazendo com que órgãos fiquem sem oxigênio. A consequência é a asfixia.

O monóxido de carbono é um subproduto da queima incompleta de combustíveis fósseis, como gasolina e diesel. Com isso, é liberado pelos veículos e pode representar um risco à saúde humana em caso de ausência de ventilação adequada. Túneis e estacionamentos cobertos são exemplos de lugares onde a concentração do produto pode ser maior.

Investigação

A investigação policial busca definir como o monóxido de carbono foi parar no interior do veículo, causando a morte do grupo em Balneário Camboriú. A customização do cano de descarga do carro é uma das linhas de investigação, afirmou o delegado Bruno Effori.

A relação do ar-condicionado, ligado durante a morte das vítimas, com a intoxicação também será identificada. Isso porque a falta de ventilação adequada pode resultar em altas concentrações do monóxido de carbono.

O caso

Quatro pessoas — Gustavo Pereira Silveira Elias, de 24 anos, Karla Aparecida dos Santos, de 19, Tiago de Lima Ribeiro, de 21 e Nicolas Kovaleski, de 16 anos — foram encontradas mortas dentro de um carro da montadora BMW que estava estacionado na rodoviária de Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, na madrugada desta segunda-feira (1º), logo após a queima de fogos. 

O grupo foi para a rodoviária buscar uma amiga — namorada de uma das vítimas. Essa mulher saiu de Minas Gerais para se encontrar com o grupo. Quando chegou, a moça encontrou os quatro passando mal. Eles estavam com ânsia de vômito e tontura.

A mulher conta que os amigos permaneceram dentro do carro, enquanto ela saiu para dar uma volta, esperando que eles melhorassem. Quando retornou, encontrou os quatro mortos. As vítimas teriam ficado cerca de quatro horas no carro, com o ar-condicionado ligado.