Betim

Explosão em aterro sanitário mata um e pode afetar o solo

Operador de retroescavadeira aterrava uma carga de aerossóis quando o acidente aconteceu

Por CAROLINA CAETANO
Publicado em 29 de maio de 2014 | 11:45
 
 
Explosão em aterro sanitário Ecensis, no bairro Citrolândia, mobiliza diversas viaturas do Corpo de Bombeiros NELSON BATISTA

Às vésperas do Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, Betim, na região metropolitana da capital, foi palco de um acidente ambiental que resultou na morte de um trabalhador. Na manhã desta quinta, um operador de retroescavadeira morreu durante uma explosão em um aterro sanitário às margens da BR–381. Segundo especialistas, há riscos de contaminação do solo.


Conforme o tenente do Corpo de Bombeiros Cristiano Soares, testemunhas relataram que Irismar Pereira dos Santos, 50, entrou no veículo para aterrar uma carga de aerossóis. Quando passou por cima dos frascos vazios, houve uma explosão. Santos morreu carbonizado. O resultado da perícia da Polícia Civil que apontará a causa do acidente sairá em 30 dias.

A explosão, conforme o militar, pode ter sido o resultado de uma reação química entre o gás que resta nos frascos e o gás acumulado no solo. Outra possibilidade é de as rodas do veículo terem pressionado o gás, que é inflamável, causando as chamas. O tenente informou que frascos de aerossóis foram arremessados a até 200 metros do local, o que gerou pequenos focos de incêndio. Cerca de 25 homens trabalharam para controlar as chamas e aterrar o material para evitar novas explosões.

Um funcionário, que pediu anonimato, disse que foi um momento “desesperador”. “Ele entrou conversando no veículo e, de repente, explodiu”, disse. Outra pessoa relatou à reportagem que viu, um pouco mais de longe, duas fumaças, uma preta e outra branca. “Ouvi várias explosões”, afirmou.

Contaminação. O professor de Legislação em Políticas Ambientais da Fumec José Junqueira explica que, se a explosão causou a ruptura da camada que protege o solo dos produtos químicos. há a possibilidade de contaminação. “A lei exige que exista a impermeabilização do solo. Se essa proteção foi rompida, há o risco”.

A superintendente da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Dalce Ricas, concorda. “Com a explosão, os resíduos vão cair fora do aterro, dependendo da quantidade do material, pode haver a contaminação”.

Funcionários relataram que explosões não são incomuns no aterro. De acordo com Junqueira, isso não pode acontecer. “Não deveria ser comum. É preciso ter controle dos gases”. Conforme Junqueira, os gases precisam ser drenados do local.
 

Entenda
O que é.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos prevê seis tipos de aterros sanitários: para resíduos de demolição, hospitalares, eletrônicos, perigosos (químicos), urbanos e industriais.

No Estado. De acordo com dados da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), em Minas Gerais há cerca de cem aterros sanitários. Esses locais atendem a 269 municípios.