Violência

‘Falaram que cortariam meu dedo se não colaborasse’, diz vítima sequestrada

Jovem, de 21 anos, foi sequestrado em ação coordenada por detentos da Nelson Hungria

Seg, 12/08/19 - 20h50
Esquema ocorria na Penitenciária Nelson Hungria | Foto: Ramon Bitencourt / O TEMPO

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Ainda muito assustado por ter sido vítima de um sequestro na última quinta-feira (8), coordenado por detentos da penitenciária Nelson Hungria, um jovem, de 21 anos, nascido em Bom Despacho, conversou com a imprensa nesta segunda-feira (12). Com lágrimas nos olhos e voz embargada, ele contou os horrores que viveu enquanto esteve na mão dos sequestradores.

“Eles ameaçaram toda a minha família, falaram que iriam me matar, que se eu não colaborasse, cortariam o meu dedo e enviaram para a minha tia. Quando eu dizia que não iria colaborar, eles apagavam o vídeo (feito para ser enviado para a família) e me forçavam a gravar outro, pedindo para a minha tia agilizar o pagamento”, contou o jovem.

O rapaz foi sequestrado na cidade do Centro-Oeste na manhã de quinta quando dormia na casa de uma tia. O jovem chegou a ficar no poder dos sequestradores por cerca de 36 horas até ser libertado por policiais do Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp) em conjunto com a equipe de Bom Despacho. Três pessoas foram presas pelo crime, mas a polícia aponta a participação de outras cinco. 

Segundo a vítima, os sequestradores foram até a casa onde ele estava se passando por entregadores de uma encomenda. “Quando eu abri (a porta), falaram pra eu assinar uma entrega para minha tia. Quando olhei para o portão, o rapaz sacou uma arma falou para eu ficar quieto, porque era um sequestro, e o companheiro dele, que estava escondido, já me levou direto para o quarto da minha filha”, relembra.

Nesse momento, os criminosos avisaram à parente que o levariam para o cativeiro e que ela deveria esperar por uma ligação que eles fariam. O resgate imposto foi de R$ 1 milhão, mas os criminosos aceitaram reduzir a cifra para R$ 50 mil. Entretanto, o valor não foi depositado, porque a polícia resgatou o jovem antes disso. 

“Eles falavam que, se eu fizesse uma gracinha, me dariam um tiro. Disseram também que eu estava dentro de uma favela e que, se me matassem, não iria dar nada para eles”, recorda o jovem. A vítima não chegou a sofrer ferimentos físicos, mas passou por violência psicológica.

Criminosos conheciam vítima

Delegado à frente do caso, Ramon Sandoli relevou que o sequestro foi coordenado dentro da penitenciária por dois homens. Ambos tinham contato com pessoas de Bom Despacho, que conheciam a vítima. Uma das sequestradoras, aliás, foi até o comércio da vítima no dia anterior para recolher informações sobre ela. 

“Os dois criminosos são de Bom Despacho e conhecem bem a região. Eles recrutaram esta mulher, que colheu informações sobre a vítima. Com isso, observa-se uma divisão de tarefas, o que se constitui organização criminosa”, aponta.

Este é o segundo sequestro em menos de três meses coordenados de dentro da penitenciária. O outro foi articulado pelos mesmos criminosos e sequestraram uma criança de 7 anos em Florestal. 

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